O 231.º clássico em Alvalade, entre Sporting e FC Porto, recebeu pinceladas a preto e branco, do tempo em que as tardes do fim-de-semana eram passados a ver futebol com a família. O dia frio mas solarengo levou quase 46 mil espetadores a Alvalade mas, no final, nem 'dragões' nem 'leões' saíram a sorrir. O empate a zeros impede a equipa de Conceição de bater o recorde de vitórias seguidas em Portugal (tinha igualado a marca de 18 triunfos consecutivos, do Benfica de Jorge Jesus em 2010/2011) e vê o Benfica mais perto, agora a cinco pontos de distância. O Sporting perdeu uma boa oportunidade de encurtar distâncias para o líder FC Porto. Depois de 14 vitórias e duas derrotas, FC Porto empata na Liga pela primeira vez. 'Leões' perdem pontos em casa pela primeira vez esta época.
Nem os pombos estavam para aí virados para o futebol das três da tarde
Conceição foi arrojado, ao lançar o 4-4-2, com a ideia de tentar aproveitar as transições após recuperação da bola para bater a defensiva do Sporting. Ciente que tal poderia acontecer, Keizer montou uma equipa a jogar em bloco médio baixo ou baixo, com o linha defensiva mais recuada que o habitual, de modo a roubar o espaço nas costas que o FC Porto tão bem gosta de explorar.
Sem bola, Bas Dost, Nani e Diaby juntavam-se aos médios, formando um aglomerado de jogadores na zona intermédia, todos atrás da linha da bola, dificultando a entrada do FC Porto no último reduto leonino. Os 'dragões' iam tendo mais bola mas sentiam dificuldades em encontrar espaço, tanto pelo meio como pelas alas.
O primeiro tempo foi um 'marasmo' e só Brahimi parecia disposto a quebrar a monotonia do encontro, com 'pinceladas' de classe, principalmente quando vinha atrás pegar no jogo e acelerar pela zona central. Num clássico onde o medo de perder sobrepôs à vontade de ganhar, o primeiro tempo ficou marcado por inúmeras faltas e quatro cartões amarelos, dois para cada lado. Das bancadas chegava, a espaços, o incentivo às equipas, mas no relvado, nem os pombos pareciam incomodar-se com o rumo dos acontecimentos. Em banco, essas aves iam deambulando de uma área a outra, à procura de comida, nada preocupados com os 22 jogadores que corriam atrás da bola. Em termos de perigo, apenas um remate de Nani que ficou nas pernas de Filipe e outro de Bas Dost que Casillas agarrou sem dificuldades.
A 'dança' dos bancos não trouxe nem chuva nem golos. Conceição foi obrigado a mudar o sistema tático ainda no primeiro tempo, com a entrada de Óliver no lugar do lesionado Maxi Pereira, passando Corona para lateral. Bruno Gaspar saiu lesionado logo no início do segundo tempo, tendo entrado Ristovski. Mais tarde, o FC Porto fez entrar ainda Fernando para o lugar de Soares e Hernâni no posto de Danilo. Keizer é que demorou imenso tempo, antes de fazer entrar Raphinha no lugar do apagado Nani, aos 83 e Petrovic, que entrou aos 89.
O segundo tempo foi bem melhor. As 'amarras' táticas foram-se soltando com o passar dos minutos, o jogo ficou partido e surgiram oportunidades de parte a parte. Renan Ribeiro e Casillas brilharam a remates de Tiquinho Soares e Bruno Fernandes, Marega e Bas Dost ficaram a centímetros do golo em outras duas ocasiões.
O golo podia aparecer tanto de um lado como de outro, pela forma como as duas equipas estavam no terreno. O FC Porto passou a dispor de imenso espaço para atacar quando recuperava a bola, com o Sporting completamente desequilibrado mas faltaram aos homens de Conceição uma melhor definição no último terço.
Terceiro clássico seguido entre Sporting e FC Porto a terminar 0-0 em Alvalade, num campo onde os azuis-e-brancos não ganham há dez épocas para a Liga. Este foi o 14.º jogo seguido que FC Porto não vence em casa do Sporting. 'Dragões' acabam primeira volta com cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado mas falha o 19.º triunfo seguido, algo que seria recorde absoluto em Portugal. Quem saiu a ganhar nesta ronda foi o Benfica que recuperou dois pontos a FC Porto, Spoting e SC Braga. Este foi o 14.º jogo consecutivo que os azuis e brancos não ganham em casa do Sporting.
Momento-chave: Renan nega golo a Soares
Aos 56 minutos, um centro de Corona encontrou a cabeça de Soares. O avançado brasileiro rematou de cabeça mas Renan estirou-se e negou-lhe o golo com uma palmada.
Os melhores: Brahimi contra a maré, Mathieu imperial
Num jogo nem sempre bem jogado, não é fácil encontrar alguém que tenha brilhado. Mesmo assim, Brahimi foi dos melhores. Ora por dentro, a acelerar entre as linhas do Sporting, a tentar sempre encontrar espaço para lançar os colegas, o argelino foi o melhor dos 'dragões'. Faltou-lhe ter mais companhia.
Mathieu travou um duelo curioso com Marega, tendo conseguido levar quase sempre a melhor sobre o maliano. Mais uma grande exibição do central francês, sempre bem posicionado, sempre sóbrio na abordagem aos lances.
Os piores: Hugo Miguel não soube segurar o jogo
O árbitro Hugo Miguel não teve interferência no encontro mas o seu trabalho merece reparos. Começou por deixar jogar mas depois passou a 'distribuir' amarelos. Mostrou oito no total, quatro em cada parte. Optou por não mostrou o segundo amarelo a Bruno Fernandes no primeiro tempo e no segundo, fez o mesmo com Herrera. Parou o jogo demasiadas vezes.
Reações: Conceição diz que perdeu dois pontos, Keizer aceita o 0-0
Pergunta SAPO Desporto: Vem aí o 3-5-2 no FC Porto? Conceição convida-nos a sentar na sua cadeira
Sérgio Conceição: “A haver um vencedor seria o FC Porto”
Marcel Keizer: “Vamos lutar até ao fim”
Casillas: “Vamos tristes para o Porto”
Mathieu desiludido com empate: “Agora há que esperar que os outros falhem”
Comentários