A tarde estava solarenga, mas o plantel do FC Porto pareceu ter sido assombrado pelo nevoeiro intenso da Choupana. O jogo da 17.ª jornada da I Liga, retomado este domingo, culminou com uma derrota dos dragões por 2-0 contra o Nacional. A equipa liderada por Vítor Bruno perdeu a oportunidade de ultrapassar o Sporting na liderança da classificação.

O Nacional mostrou ter mais vontade e dominou a primeira parte do encontro, sem que os portistas fizessem qualquer remate à baliza de Lucas França. No segundo tempo, souberam gerir a vantagem e suportaram as investidas de um adversário em evidente crescimento. No sentido oposto, o FC Porto correu sempre atrás do prejuízo e, apesar de se ter tornado mais incisivo no segundo tempo, já não foi capaz de evitar o desaire.

Ao contrário do que era expectável para a retoma da partida, Vítor Bruno fez mudanças no onze inicial 'original', promovendo a entrada de Vasco Sousa para o posto de Alan Varela. Contudo, ainda antes do intervalo, o treinador dos dragões viu-se obrigado a mexer para tentar uma reação da equipa. Do lado do Nacional, a única dúvida recaía em Djibril, que apresentava queixas desde a falta dura de Rodrigo Mora nos primeiros 15 minutos do jogo. Ainda assim, o médio recuperou e os madeirenses mantinham a formação utilizada a 3 de janeiro.

À semelhança do que já tinha feito, o Nacional entrou a querer mandar na partida e limitou o FC Porto à defesa. O início foi de tal forma pujante que, aos 17 minutos, chegou à vantagem por intermédio de Dudu Teodora. Nas costas de Galeno, bastante permeáveis durante a partida, Luís Esteves entendeu-se com Gustavo Garcia, que cruzou para o cabeceamento certeiro de Teodora para o fundo das redes.

A construção foi uma das maiores debilidades dos azuis e brancos, que não tinham ideias concretas e passaram os primeiros 45 minutos sem alvejar a baliza insular. O Nacional apresentou-se num 5-4-1, com Isaac Tomich a ter um papel fundamental nas saídas de bola. O avançado pressionava o portador da bola e, como pivot, servia os colegas em ações de contra ataque. Com a formação de Tiago Margarido tão compacta, os dragões não conseguiam chegar ao último terço e foram quase sempre demasiado previsíveis, e 'destapavam a manta' lá atrás sempre que mordiam o isco do Nacional.

Ainda antes do intervalo, Vítor Bruno fazia contas aos estragos e viu-se obrigado a mexer na equipa. João Mário substituiu o lesionado Martim Fernandes e Namaso ocupou o lugar de Pepê. Ora, Vítor Bruno não foi de modas e fez substituições instantes antes de um lance de bola parada. Resultado: 2-0 para o Nacional. Depois de um canto batido, Zé Vítor foi lá cima e, quase sem oposição, fez o segundo dos alvinegros com Nehuen Pérez a ficar de novo mal na fotografia.

Na segunda parte, Gonçalo Borges e Fábio Vieira entraram para as saídas de André Franco e Vasco Sousa. A reação portista não tardou a chegar e a esperança era sustentada por uma série de remates de Namaso, um dos mais ativos até ao final da partida. Samu teve poucas oportunidades, mas podia ter sido muito mais competente nas que dispôs.

O Nacional tentou defender a vantagem, montando um autocarro na área, e era notória a mudança de estratégia. Os madeirenses deram mais a bola, mas resguardaram-se defensivamente com um bloco baixo, nunca arriscando saídas em contra-ataque. O desespero aumentava para os dragões, que lançavam bolas na área à procura de um milagre, o que nunca chegou a acontecer.

Apesar de uma melhoria no segundo tempo, o FC Porto colheu o que semeou nos primeiros 45 minutos, não tendo sido equipa suficiente para reagir, limitando-se a correr atrás do prejuízo. Podiam ter-se tornado líderes da I Liga após o apito final, mas nunca quiseram sê-lo durante o jogo.

Momento: Primeiro golo do Nacional

O tento de Teodora chegou cedo e ditou o ritmo da primeira parte, suficientemente forte por parte do Nacional para permitir uma gestão do resultado no segundo tempo. A partir daí, a equipa da casa dominou e o FC Porto viu jogar, não tendo tido qualquer hipótese de ameaçar a baliza de Lucas França. Ainda que tenham tido oportunidades nos segundos 45 minutos, os azuis e brancos já não foram a tempo de alterar o rumo dos acontecimentos.

Melhor: Zé Vítor 

O jogador de 23 anos esteve praticamente irrepreensível no decorrer da partida, tendo sido o verdadeiro imperador da defesa do Nacional. Para além de se impor nos duelos defensivos, foi sempre uma ameaça nos lances de bola parada, sendo feliz num desses momentos de superioridade aérea.

Pior: Falta de ideias de jogo para os dragões

Foi um jogo apagado do ponto de vista ofensivo, principalmente com a primeira parte desastrosa para os dragões. Rodrigo Mora foi um dos mais discretos por parte dos portistas, já que nunca teve espaço interior para aplicar a sua magia. Vasco Sousa revelou-se uma má aposta para o onze inicial. Samu não foi o avançado que o FC Porto precisou, depois de ter estado francamente mal na finalização.

Reações

Tiago Margarido

Vítor Bruno

Resumo