E vão 15 pontos perdidos pelo Benfica na Luz esta temporada na I Liga. São demasiados pontos 'a voar' em casa para uma equipa que quer aspirar a lutar por algo num campeonato com 34 jornadas. O Sporting, por exemplo, perdeu oito e o FC Porto ainda só perdeu quatro.
Depois de duas exibições que permitiram à equipa reconquistar, de certa forma, os adeptos, com o notável empate alcançado em Liverpool no adeus à Liga dos Campeões e o excelente triunfo sobre o rival Sporting em pleno Estádio de Alvalade, que reavivou a esperança de chegar ao 2.º lugar, o Benfica regressou, na receção ao Famalicão, à normalidade daquilo que tem sido a sua época.
As 'águias', tal como na maior parte dos jogos que não ganharam em casa esta temporada, até dominaram por completo o encontro, frente a um adversário que poucas vezes arriscou subir no terreno e que não fez qualquer remate na direção do alvo. Porém, para tanto domínio, foram escassas (muito escassas mesmo) as ocasiões flagrantes de golo criadas, sobretudo até ao minuto 70. O Benfica até fez um total de 25 remates, mas apenas seis levaram a direção do alvo e esses encontraram pela frente um inspirado Luiz Júnior na baliza do Famalicão.
Contas feitas, o Benfica - que não jogou com a intensidade que se exigia e esteve bem longe do que tinha feito em Anfield Road e em Alvalade - ficou 'em branco' num jogo pela primeira ao fim de 21 partidas e vê a corrida ao 2.º lugar complicar-se quase irremediavelmente: é que o Sporting precisa agora apenas de somar um empate e uma vitória nos quatro jogos que tem por disputar para garantir esse importante lugar de acesso direto à fase de grupos da Liga dos Campeões).
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O jogo: Benfica acordou tarde e já não conseguiu derrubar a muralha do Famalicão
Nelson Veríssimo apostou em algumas novidades para o 'onze' inicial do Benfica. Duas delas forçadas, com Diogo Gonçalves e Gil Dias (motivado pelo golo de há uma semana em Alvalade) titulares nos lugares habitualmente ocupados por Everton (castigado) e Rafa (lesionado), e com Paulo Bernardo a relegar Adel Taarabt para o banco.
Mas, com o Famalicão fechado no seu meio-campo, o Benfica precisou de 41 minutos para criar a sua primeira situação de verdadeiro perigo, num remate de longe de Diogo Gonçalves defendido com categoria por Luiz Júnior, naquela que foi a primeira de várias intervenções de grande nível do guardião forasteiro.
O início da segunda parte não trouxe grandes novidades e só quando Nelson Veríssimo mexeu na equipa - lançando André Almeida e Roman Yaremchuk, primeiro, e Taarabt e Radonjic depopis - o Benfica começou verdadeiramente a criar situações de perigo com alguma frequência.
Paulo Bernardo ficou muito perto de marcar num fantástico pontapé de bicicleta, mas Luiz Júnior voltou a brilhar e Darwin e Radonjic também ameaçaram antes de as 'águias' terem ficado a pedir penálti num lance confuso na grande área do Famalicão que quase resultou em golo. Mas a bola não entrou em nenhum desses lances e esse período de maior ímpeto dos encarnados foi-se novamente esfumando até ao apito final.
O momento: Benfica pede penálti por mão de Alex Nascimento.
Decorria o minuto 81 e o Benfica vivia, talvez, o seu melhor período no encontro. Na sequência de um canto, Otamendi tentou o desvio, mas a bola bateu em Alex Nascimento que, depois, em queda, de costas, tocou com o braço na bola. Os jogadores do Benfica cercaram de imediato o árbitro do encontro, António Nobre, pedindo penálti, mas este aguardou pela indicação do VAR e mandou seguir, considerando que a mão na bola tinha sido casual.
O melhor: a organização defensiva do Famalicão e Luiz Júnior
O Benfica marcava golos há 21 jogos consecutivos, mas foi travado por uma defesa do Famalicão que pouco ou nada atacou, mas que mostrou uma consistência defensiva notável. Penetra esteve em destaque no centro do setor mais recuado dos visitantes mas, claro, a grande figura - mesmo num jogo em que o Benfica não criou tantas ocasiões de golo como devia - foi o guarda-redes Luiz Júnior: fez quatro defesas de grande qualidade e ainda teve algumas outras estiradas que impediram que algum jogador contrário surgisse para o toque final.
O pior: poucos rasgos de criatividade e pouca intensidade no Benfica
O Benfica teve 70 por cento do tempo de posse de bola no encontro, mas o domínio, durante a maior parte do jogo, não se traduziu em sufoco para o adversário. Faltaram rasgos de criatividade a desequilibrar (talvez pelas ausências de Rafa e Everton) e faltou também uma maior intensidade que levasse o Famalicão a sentir-se mais sufocado e a cometer erros que não cometeu. Darwin não mostrou a inspiração dos jogos recentes e as 'águias' também se ressentiram disso. As entradas de - sobretudo - Yaremchuk e Taarabt - terão pecado por tardias.
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