Costuma-se dizer que no meio é onde está a virtude. Após terem assistido à partida no Estádio dos Arcos, certamente os defensores desta máxima pensarão duas vezes antes da voltar a proferir.

Após os triunfos dos rivais, o FC Porto entrava em Vila do Conde obrigado a vencer, sob pena de ver Sporting e Benfica cada vez mais longe, a poucos dias de receber os leões no Dragão. Os azuis e brancos (ontem de laranja) entraram determinados e enérgicos, muito devido ao virtuosismo de Rodrigo Mora.

O acumular de ocasiões indicavam que o golo estaria para breve, mas, como sabemos, o futebol nem sempre tem lógica, e bastou um erro cá atrás para que tudo se desmoronasse. O Rio Ave equilibrou o jogo e percebeu que centrais pouco habituados a construir traria os seus frutos. De pouco valeu a redenção dos 'réus' e o dragão fica agora a oito pontos do líder, isto a poucos dias de o receber.

O jogo: Muita procura, demasiada oferta

Anselmi voltou a uma linha de três defesas, agora totalmente composta por centrais. João Mário e Francisco Moura encarregavam-se das alas, enquanto que lá à frente eram Gonçalo Borges e Rodrigo Mora quem apoiavam o avançado Samu.

Desde o minuto inicial que os dragões mostraram ao que iam, ameaçando desde logo a baliza de Miszta. Os primeiros 25 minutos foram de sentido único, com os portistas a ameaçarem as redes vilacondenses por diversas vezes, mormente graças aos rasgos individuais de Rodrigo Mora, para os quais o Rio Ave não encontrava antídoto.

Petit afirmara que não tinha bem assente a ideia de como o adversário iria jogar, e a verdade é que a equipa da casa demorou até conseguir percebe-la, e organizar-se de acordo com a mesma. Enquanto isso não acontecia, Miszta ia segurando o nulo com um punhado de belas defesas.

O encaixar das peças rioavistas no adversário permitiu uma subida do bloco, o que pressupunha uma pressão mais alta, e agora feita já na zona de construção dos dragões, construção esta feita pelo trio de centrais, pouco habituados a estas funções.

E Nehuén Pérez fez questão de provar isso mesmo quando, aos 37 minutos, ofereceu a bola a Clayton que arrancou para a baliza e fez o primeiro do jogo; não satisfeito com a "assistência", Pérez ainda tratou de deixar Diogo Costa fora da jogada...só faltava empurrá-la lá para dentro.

Contudo na segunda parte o central argentino redimiu-se do erro e restabeleceu a igualdade nos minutos iniciais, beneficiando de uma bola perdida após um pontapé de canto, para fazer o 1-1.

Houve um erro, foi remediado, volta-se ao normal, certo? Não. O golo de Clayton revelou o grande ponto fraco do dragão, e o Rio Ave tratou de o explorar. Apesar de voltar a ter a iniciativa, o FC Porto esteve sempre em sobressalto na hora de construir, e quando não era Nehuén, era Otávio. O central brasileiro ofereceu novo golo a Clayton, mas desta vez o avançado não foi tão eficaz.

Mas Otávio, qual influencer, estava em modo 'giveaway' e tratou de dar mais uma hipótese, agora a Olinho, e desta vez o jogador vilacondense não se fez rogado e recolocou o Rio Ave na frente do marcador.

Todavia, tal como acontecera com o seu colega de posição, Otávio tratou de se retratar e, apenas três minutos depois, encheu-se de fé e rematou do meio da rua, contando com um desvio num adversário para voltar a empatar.

Até final o FC Porto tentou tudo para chegar à vitória, do banco, Anselmi lançou Pepê, Fábio Vieira e Deniz Gül, mas o perigo não mais rondou as redes de Miszta e o dragão acabou por pagar caro os erros cometidos.

Já lá vão quatro jogos consecutivos sem vencer para o campeonato, agora a oito pontos do Sporting, antes da receção aos leões daqui a três dias.

O momento: Encontrado o filão

Corria o minuto 37, o FC Porto continuava por cima, mas agora tinha pela frente um Rio Ave mais organizado. Em momento e construção, Nehuén Pérez inventou e permitiu a Clayton seguir para a baliza; não satisfeito com a bola perdida, o central ainda tratou de escorregar e impedir que Diogo Costa tentasse evitar o primeiro golo do jogo, deixando o avançado do Rio Ave à vontade para inaugurar o marcador.

Foi a partir daqui que os vilacondenses perceberam que pressionar os centrais portistas seria a melhor maneira de criar perigo, e acabaram por tirar mais dividendos na segunda parte.

O melhor: O místico Miszta

Desde o minuto inicial que Cezary Miszta percebeu que esta seria uma noite de muito trabalho. Ao longo de todo o jogo, mas mormente na primeira parte, o guardião polaco foi adiando o golo do FC Porto com um punhado de grandes defesas que negaram golos feitos a Rodrigo Mora ou Eustáquio.

Sem qualquer tipo de responsabilidades nos golos sofridos, Miszta foi sempre o esteio da defesa vilacondense, transmitindo sempre muita segurança em todos os lances; uma figura fundamental no ponto conquistado pelo Rio Ave.

O pior: Onde estás tu, Samu?

Após dois jogos consecutivos de ausência, Samu regressou ao onze titular do FC Porto. Contudo, a paragem parece ter afetado o avançado espanhol, que não conseguiu ser a referência que os dragões precisavam no ataque.

Sempre muito bem marcado e anulado pela dupla de centrais rioavistas, o número '9' portista foi uma sombra daquilo que tem mostrado ao longo desta época, passando quase por completo ao lado do jogo; o melhor que conseguiu foi 'sacar' o cartão vermelho a Panzo mesmo já perto do final da partida.

O que disseram os treinadores

Petit, treinador do Rio Ave

Martín Anselmi, treinador do FC Porto

O resumo