Os sócios do Vitória de Setúbal aprovaram na segunda-feira um «pedido de autorização para utilização de património» por 81 votos a favor e 80 contra, numa Assembleia Geral que acabou com agressões e empurrões entre alguns associados.

«Houve agressões a soco e alguns empurrões», disse à agência Lusa um associado do clube sadino que esteve na Assembleia Geral realizada no Pavilhão Antoine Velge e que se mostrou indignado com a forma como decorreu a votação.

«81 votos a favor e 80 contra numa votação desta importância e com uma contagem `a olho´ deveria ter levado o presidente da Assembleia Geral a não anunciar o resultado e a fazer uma nova votação, de forma a que não subsistissem dúvidas, como acabou por acontecer», acrescentou.

O presidente da Assembleia Geral, Frederico Nascimento, ainda chegou a anunciar a intenção de repetir a votação, mas muitos associados começaram desde logo a abandonar o pavilhão Antoine Velge, enquanto outros se manifestavam ruidosamente, alguns deles acabando por se envolver em quezílias que culminaram com algumas agressões.

O pedido da direção para que fosse autorizada a «utilização de património», designadamente de dois lotes de terreno do Vitória de Setúbal em Vale de Cobro, era o ponto mais polémico da reunião magna do clube sadino e foi aquele que suscitou maior discussão na Assembleia Geral.

Um grupo de associados liderado pelos ex-dirigentes do clube Júlio Adrião e João Martins chegou mesmo a avançar com um requerimento para que a direção de Fernando Oliveira esclarecesse se o beneficiário dessa autorização era o Vitória de Setúbal ou a SAD - Sociedade Anónima Desportiva.

O requerimento, que, a ser aprovado fazia cair de imediato a proposta da direção, exigia também que a referida autorização de «utilização de património» fosse discutida e votada numa futura Assembleia Geral, em que também fossem apresentadas as contas da SAD, entidade em que o Vitória de Setúbal é acionista maioritário.

Segundo relataram à Lusa alguns associados, no último momento os proponentes retiraram o requerimento e o presidente da Assembleia Geral avançou de imediato para a votação da proposta da direção, já com a garantia do presidente do clube, Fernando Oliveira, de que só procederia à venda de património em caso de absoluta necessidade e só depois da aprovação dos sócios em nova Assembleia Geral.

Alguns associados do clube acreditam que a alienação dos terrenos de Vale de Cobro é a única maneira de o Vitória de Setúbal conseguir arrecadar as verbas necessárias para liquidar as dívidas às finanças e garantir a inscrição da equipa de futebol profissional para a época 2013/2014.

Depois da aprovação da proposta da direção e dos incidentes que se seguiram, Frederico Nascimento deu a Assembleia Geral por encerrada, sem que tivessem sido discutidos e votados os relatórios de contas de 2011 e 2012, tal como constava na convocatória da Assembleia Geral.

Antes da polémica, os associados do Vitória de Setúbal já tinham aprovado uma parceria entre o Vitória de Setúbal e a Casa da Sorte para a exploração da concessão do bingo, que vai permitir ao clube sadino arrecadar 35.000 euros por mês e 20 % dos lucros acima dos 600.000 euros.

Após a conclusão dos trabalhos, a agência Lusa tentou ouvir o presidente da mesa da Assembleia Geral, Frederico Nascimento, e o presidente da direção, Fernando Oliveira, mas um colaborador do clube informou os jornalistas que os dois dirigentes já tinham abandonado o local.