O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, acusou este sábado em conferência de imprensa Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, de mentir num programa de televisão.

"Porquê os flick flaks de Jaime Marta Soares? Uns dias antes do apelidado caso Madrid, veio-me propor, a pedido de Luís Filipe Vieira, uma cimeira com ele. O presidente da AG do Sporting veio pedir ao presidente do Sporting uma cimeira secreta com o amigo Luís Filipe Vieira. Negada, aliás, quando diz que não tem sido fácil falar com o presidente, confesso que nunca tinha dito tanto palavrão numa só frase para responder àquele convite. Claro que a relação passou a ser difícil, porque o simples convite é um ato de desrespeito. Passados uns dias, sabendo que lhe disse que ia ser pai, dá-me um grande abraço e diz ‘Isso é que é importante’. No dia a seguir, estava a pedir a minha demissão, estava eu a ir para o hospital. Diz que sofreu muitas pressões…", começou por dizer Bruno de Carvalho, antes de  prosseguir.

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"Deve ser um homem que dorme pouco. Imagino de onde vieram as pressões, um homem que disse a todos os canais que é de pontes… Devia ser um homem de bom-senso, que colocasse os direitos do Sporting acima de tudo, do que um homem de pontos. Não é mais do que um sobrevivente. Jaime Marta Soares apareceu, ao tipo emplastro, na Academia. Poderá perguntar se não tem direito de ir ver com os seus olhos a tragédia. Tem, não tem é direito de mentir descaradamente. Mentiu. Disse que eu e Jesus trocámos parcas palavras, quando estivemos quase duas horas a conversar sobre o sucedido. Disse que todos os jogadores se recusaram a falar comigo, quando estive horas a falar com eles, entre eles Bruno Fernandes, mesmo à frente dele. Estava ele com o seu estilo bonacheirão, a falar. Disse-lhe ‘Bruno, já viste, sofremos este ato aqui e está aqui a passar que sou o culpado’. Ao que respondeu ‘Isto foi terrível, mas também já disseram que apresentei a minha demissão’. Foi dizer que não falei com os jogadores…", terminou.

Além de ter apelidado o responsável pela mesa da AG de "dinossauro das autarquias", Bruno de Carvalho apontou os propósitos de Marta Soares e José Maria Ricciardi.

"Neste momento, se apresentarmos a demissão, ele [Marta Soares] coloca uma comissão de gestão e só nos permite recandidatar daqui a seis meses. Como estamos a acabar uma negociação, em que a dívida do Sporting vai passar para mais de metade, essa comissão de gestão e esse dr. José Maria Ricciardi, querem depois vir dizer: estão a ver, nós somos muito melhores do que eles", apontou.

Jaime Marta Soares, à agência Lusa, reagiu às acusações de Bruno de Carvalho, dizendo que os jornalistas "ouviram o mesmo que ele" na conferência de imprensa do presidente do Sporting, o que "não merece comentários neste momento".

Na terça-feira, antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia de Alcochete por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores. A GNR deteve 23 dos atacantes.

Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve na quarta-feira quatro pessoas na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, que foi libertado sob caução e impedido de exercer funções desportivas.

O cenário agravou-se com as demissões na quinta-feira da Mesa da Assembleia Geral, em bloco, e da maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar, instando o presidente do Sporting a seguir o seu exemplo, mas Bruno de Carvalho anunciou que se irá manter no cargo.