Está decidido: o Benfica vai a votos antes do final do ano. A decisão foi anunciada esta noite, em comunicado assinado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube, António Pires de Andrade.
O Benfica prevê realizar eleições e que estas deverão “ocorrer até ao final do corrente ano”, após a reunião ordinária quadrimestral dos órgãos sociais que se realizou no Estádio da Luz, em Lisboa.
Numa reunião que teve início pelas 17:00, o movimento no exterior do recinto manteve-se o habitual, com várias crianças dos campos de férias do Benfica, sendo que não se notaram momentos de contestação devido à situação atual que o clube vive.
A espaços, muito raros, um ou outro carro apitava, mais pela influência da presença das câmaras de televisão, do que pelo momento que se vive no seio 'encarnado' e que recentemente culminou com a prisão domiciliária sem vigilância nem pulseira eletrónica de Luís Filipe Vieira, presidente autossuspenso.
Do plenário saiu a decisão de que após o cumprimento dos objetivos de curto prazo, elencados pela direção, Rui Costa, presidente da Direção, vai "promover todas as diligências tendentes à realização de uma consulta aos sócios".
Os objetivos de curto prazo realçados pelos órgãos passam pela preparação da época no futebol, nas modalidades, a qualificação para a Champions do futebol profissional, as negociações do mercado de transferências, a conclusão do empréstimo obrigacionista e a "unidade no universo Benfiquista".
Realçando o empenho da direção no cumprimento destes objetivos, a direção garante "trabalhar, com dedicação, firmeza e sentido das responsabilidades para garantir a estabilidade e tranquilidade necessárias a fim de que as prioridades definidas sejam resolvidas com sucesso no tempo estritamente indispensável".
"O plenário faz um apelo à união e ao sentido de responsabilidade de todos os benfiquistas na construção de um Benfica cada vez maior", terminam.
Leia o comunicado na íntegra
"O plenário dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica esteve reunido esta tarde. Foi analisada em pormenor a situação do Clube e de todo do grupo Benfica, em clima de coesão e unidade.
Comum a todos os intervenientes a preocupação de defender os interesses da instituição acima de quaisquer outros.
Ficaram unanimemente identificados os objetivos de curto prazo a que se torna imperativo dar resposta:
- Preparação da época desportiva no futebol;
- Qualificação para a Champions League;
- Preparação da época desportiva nas diversas modalidades;
- Garantir a normalidade na gestão;
- Assegurar um adequado fecho do mercado de contratações e vendas;
- Conclusão, com sucesso, do empréstimo obrigacionista em curso;
- Unidade no universo Benfiquista.
Foi sublinhado que a Direção do Sport Lisboa e Benfica está seriamente empenhada em garantir que esses objetivos sejam alcançados, pelo que terá uma atuação intransigente em relação às matérias abordadas.
Nessa perspetiva irá trabalhar, com dedicação, firmeza e sentido das responsabilidades para garantir a estabilidade e tranquilidade necessárias a fim de que as prioridades definidas sejam resolvidas com sucesso no tempo estritamente indispensável.
O Presidente da Direção, Sr. Rui Costa, sublinhando a unanimidade de todos os vice-presidentes, informou o plenário que, finda essa missão, irá promover todas as diligências tendentes à realização de uma consulta aos sócios.
O ato eleitoral deverá ocorrer até ao final do corrente ano.
O plenário faz um apelo à união e ao sentido de responsabilidade de todos os benfiquistas na construção de um Benfica cada vez maior."
A decisão de eleições antecipadas surge dias depois de Luís Filipe Vieira, de 72 anos, ter sido detido, na sequência da operação Cartão Vermelho. O empresário é uma das quatro pessoas sob suspeita de estar envolvido em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”, na operação Cartão Vermelho.
O empresário comunicou na sexta-feira a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica, “com efeitos imediatos”, por intermédio do seu advogado, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Vieira, que está em prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros, e proibido de sair do país, está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
Segundo o Ministério Público, o empresário provocou prejuízos ao Novo Banco de, pelo menos, 45,6 milhões de euros, compensados pelo Fundo de Resolução.
No mesmo processo foram detidos, para primeiro interrogatório judicial, o seu filho Tiago Vieira, o agente de futebol e advogado Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, todos indiciados por burla, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
Na sexta-feira, Rui Costa, até então vice-presidente, assumiu a liderança do Benfica, após Luís Filipe Vieira ter suspendido as funções como presidente, depois de ter sido detido no âmbito de uma investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
*Última atualização às 21h54
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