O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, dramatizou hoje o apelo aos sócios para a defesa da direção na Assembleia Geral (AG) de 23 de junho, após a anulação das reuniões magnas de 17 de junho e 21 de julho.

Numa conferência de imprensa realizada esta noite nas instalações da SAD ‘leonina’, o líder do Conselho Diretivo garantiu que tinha ao seu dispor a “possibilidade de impugnar” a decisão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, que hoje considerou também ilegal a Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG) nomeada pelo Conselho Diretivo (CD).

“Há já um pedido validado pelos serviços do clube para a não realização da AG de dia 23 com 1.580 votos – e para pedir bastam 1.000 votos”, começou por dizer o presidente dos ‘leões’, acrescentando: “Sportinguistas, agora está nas vossas mãos. O único apelo é que venham massivamente dizer presente pelo Sporting e por quem sempre defendeu o Sporting”.

Apesar de reiterar que a AG em que será votada a destituição do CD “está ferida de legalidade” e de considerar “vergonhoso” o comportamento do presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, Bruno de Carvalho exigiu que na reunião magna da próxima semana esteja junto das urnas de voto um elemento indicado pelo CD para escrutinar o processo.

“A única coisa que queremos é que em cada urna esteja um elemento indicado por nós para acompanhar a votação. Se nós fomos escorraçados, também queremos ter a certeza de que os resultados são fidedignos. Isto foi o que Jaime Marta Soares, Álvaro Sobrinho e José Maria Ricciardi fizeram”, afirmou, relevando que o que está em causa na atual crise em Alvalade é “dinheiro” e o “controlo da SAD”.

Confrontado com uma eventual votação negativa em relação à continuidade do CD, o presidente do Sporting avisou os sócios para “não irem na ‘cantiga do bandido’”, enfatizando o apelo à honra dos superiores interesses do clube.

“Não podemos perder tudo, depois de cinco anos a lutar contra tantos interesses. Porque se vai perder a maioria da SAD e vão sair os jogadores ao desbarato. Se formos destituídos desta forma, o Sporting nunca mais tem poder negocial nenhum. Tenho pena que as pessoas estejam a ser influenciadas”, afirmou.

Paralelamente, o líder do Sporting – que foi suspenso das suas funções na quarta-feira pela Comissão de Fiscalização criada por Jaime Marta Soares, a quem acusou de ter deixado cair o Conselho Leonino – assegurou que a equipa de futebol será competitiva na próxima temporada.

“Estamos a negociar com jogadores belíssimos sem problema nenhum e, sinceramente, acho que as pessoas falam daquilo que não sabem. E é uma tristeza porque está a ser incutido um espírito de angústia nos sportinguistas”, concluiu.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou hoje ilegal a comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG) nomeada pela direção do Sporting, bem como as reuniões magnas por esta marcadas para 17 de junho e 21 de julho.

A primeira, marcada para o Pavilhão João Rocha, em Lisboa, tinha como pontos da ordem de trabalho a aprovação do orçamento para 2018/19 e a validação dos órgãos nomeados pela direção liderada por Bruno de Carvalho.

Esta AG foi convocada pela CT da MAG, encabeçada por Elsa Tiago Judas, em resposta à reunião magna convocada pela MAG demissionária, presidida por Jaime Marta Soares, para 23 de junho, na Altice Arena, em Lisboa. Apesar das divergências sobre a legalidade de cada um dos lados, certa é a obrigação estatutária de apresentação e votação do orçamento até 30 de junho.

A crise no Sporting desencadeou-se após as agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, levadas a cabo por cerca de 40 pessoas encapuzadas, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.

Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD, que não reconhece legitimidade a esta decisão, criou uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma AG ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.