A CMTV divulgou na noite desta terça-feira o interrogatório de Bruno de Carvalho no tribunal do Barreiro. O ex-presidente do Sporting, segundo a estação televisiva, revelou que Jorge Jesus chegou a autorizar a entrada das claques na Academia e recordou a presença numa reunião da claque Juventude Leonina.

Reunião com a Juve Leo: "Também vos relembrar, porque estava escrito, não houve mais nenhuma reunião no meu escritório com o Nuno Mendes, vulgo, Mustafá. Também li ontem coisas como quando eu fui à casinha e que fiz então duas coisas: 'façam o que quiserem' e pedir desculpa um a um antes de vir embora, isto no texto de ontem. Pois então eu vou dizer aquilo que se passou. Já não me lembro se foi o Bruno Jacinto ou André Geraldes que me pediram muito para ir àquela reunião, porque as cisões dentro da Juventude Leonina estavam cada vez maiores. E que eles precisariam da palavra do presidente para se poderem acalmar."

Gritos e tatuagens: "Fui jantar ao Magriço e do Magriço passei por essa reunião. Nessa reunião não fui confrontado com Academia nenhuma, não fui confrontado com nada, fui confrontado com o quê? Por ter faltado ao respeito ao Fernando Mendes, vulgo Fernando Barata, e por ter faltado ao respeito aos filhos de João Rocha, em dezembro. Portanto aquilo já eram gritos por todo o lado, já se despiam, já mostravam as tatuagens, batiam nas tatuagens, mostravam nas pernas o leão, e aquilo foi uma gritaria total, porque eu faltei ao respeito e porque não pode ser, e porque um é presidente eterno, que é João Rocha e o outro é um líder, que é Fernando Mendes, uma confusão descomunal."

Jorge Jesus autorizou entrada de claques na Academia: "A única vez que uma claque entrou na Academia sem ser aquelas vezes para as fotografias de fim de ano, em que eles trocam até autógrafos, foi o Jorge [Jesus] que os deixou entrar. Eu fui alertado, liguei imediatamente para o Nuno Mendes, não foi desta vez, creio que foi no segundo ano do Jorge Jesus, e disse imediatamente que não, que não autorizava a entrada deles, independentemente de vos dizer que desde que foi inaugurada a academia o portão aberto até cerca das 23 horas, meia-noite. Portanto é prática sempre, o portão estar aberto. Quando eu chego à academia, qual não é o meu espanto quando os vejo lá dentro. Perguntei ao Jorge [Jesus] porque é que as pessoas estavam dentro e ele disse 'fui que que estava a entrar e eles pediram-me e eu deixei-os entrar'. E eu disse, não lhe digo vossa excelência, porque ele não era vossa excelência nenhuma, 'Jorge você aqui não manda nada, e eu disse que não podiam entrar, e agora não sei o que vamos fazer."

Autorização para o 'apertão' aos jogadores: "Despedi-me das pessoas todas e fui para casa. Continuo a dizer que foi um momento muito complicado na minha vida a nível pessoal, ainda hoje está a ser, como é público. Jamais em tempo algum, utilizaria qualquer organização que fosse, claques, não-claques, para um 'apertãozinho' ou seja aquilo que for, nem na Academia, nem em lado nenhum, porque os meus pais deram-me educação, Deus deu-me inteligência, e eu sei perfeitamente que a partir do momento em que autorizamos essa primeira vez, qualquer coisa, seja qual era for, ficamos nas mãos deles. E deixamos de ser o real presidente e eles passam a ser o verdadeiro presidente."

Autoria moral do ataque: "É absolutamente falso, absurdo, que eu alguma vez tivesse de forma moral, não moral, material, não material, tivesse sequer sabido do que se passou."

Alteração da hora do treino: "Foi uma reunião em que eu expliquei de forma humana, porque achava que havia uma relação de amizade, ao Jorge Jesus e à equipa técnica, porque é que o tempo deles tinha chegado ao fim. O Jorge Jesus questiona-me se acabava ali a sua função ou se ainda fazia a Taça de Portugal, ao que eu lhe respondi, 'são muitos milhões, não é de uma forma qualquer que se trata de um assunto destes. Amanhã de manhã a comissão executiva irá reunir com os seus advogados, com os seus, nossos, e diremos alguma coisa'. O que é que isto significa? Se você tiver um papel na mão com uma suspensão está suspenso não vem trabalhar e inicia-se o processo de despedimento. Se não tiver papel nenhum na mão, continua a fazer o seu trabalho, como sempre fez. E ele por iniciativa dele, vira-se para mim e diz: 'então o treino', e agora perdoem-se se falhar por meia hora, 'era para ser às 10 horas e como há essa reunião de manhã, o treino passa para as 16 horas'. Posso estar a falhar aqui por meia hora."

Jorge Jesus despedido: "Primeiro eu nunca disse ao Jorge Jesus que estava despedido, expliquei-lhe porque é que o tempo dele tinha chegado ao fim. Segundo, quem estava dentro da sala era eu, os adjuntos todos do Jorge Jesus, e a comissão executiva. E não estou a ver nenhum deles a falar com o Nuno Mendes [Mustafá] sobre absolutamente nada, nem eu, nem eles, portanto, absolutamente zero. Zero zero, não houve nenhuma conversa de certeza absoluta, não estou a imaginar os... Bem, o Jorge Jesus tem um filho que pertence a uma das claques, ele estava sempre a dizer isso, mas nunca me apresentou o filho. Isso eu já não sei, mas que um dos filhos dele pertence a uma das claques se calhar ele falou ao filho, não sei, não faço a mínima ideia.Mas estava agora a lembrar-me que ele estava sempre a dizer que o filho dele que anda no kickboxing ou qualquer coisa de agressivo, faz parte de uma das claques. Só se for por aí, não sei, não faço a menor ideia,. Podia ter expectativa, saber, só se for por aí, pelo filho do Jorge ser de uma claque, mas também não acredito muito, porque o Jorge é muito reservado em casa."