O presidente do Sporting recorreu, uma vez mais, às redes sociais a pedir uma “revolução pacífica, porém disruptiva e estruturante” no futebol português.
Devido às comemorações do 25 de Abril, Bruno de Carvalho faz um paralelo entre o futebol e o dia da Liberdade: “a indústria do futebol é, claramente, um dos sectores onde o 25 de Abril ainda não se cumpriu por completo. Espero que haja igualdade de tratamento entre clubes, para que não haja uns que são mais iguais que outros”.
O líder dos Leões pediu mais “civismo e fair-play” dos adeptos nesta reta final de época.
“A rivalidade saudável é um bem comum, a guerrilha e as provocações constantes só nos conduzem a tragédias e desgraças que não podem repetir-se”.
Leia a mensagem de Bruno de Carvalho na íntegra:
“Faz hoje 43 anos que a Liberdade saiu à rua. O país, que vivia há décadas amordaçado, começou então a dar os primeiros passos rumo à democracia. Muitos foram os homens que lutaram para que hoje pudéssemos pensar e dizer aquilo que queremos, sem receio de castigo ou censura. Dois anos depois, em 1976, aprovou-se uma Constituição, carta de direitos e deveres, que tinha e tem como matriz a Liberdade, a igualdade de oportunidades e de todos os cidadãos perante a lei.
Foi esta a revolução, nem sempre pacífica é certo, que nos ofereceu a Democracia. Infelizmente, o espírito de Abril não chegou ainda a todos os recantos da sociedade portuguesa, como o demonstram os vários indicadores de desenvolvimento económico e social sobre o nosso País, e que provam que continuamos sequestrados por inúmeros interesses que impedem o nosso crescimento. E eu, tal como o meu tio-avô, “não gosto de ser sequestrado! É uma coisa que me chateia!”
Ora, a indústria do futebol é, claramente, um dos sectores onde o 25 de Abril ainda não se cumpriu por completo. Há ainda quem não tenha percebido, certamente por conformismo ou porque beneficia do estado actual das coisas, a necessidade imperiosa de uma revolução pacífica, porém disruptiva e estruturante, no futebol português.
É fundamental, desde logo, que os regulamentos sejam revistos em linha com as leis fundamentais da República, porque ninguém pode estar ou viver acima dessas. É fundamental que haja igualdade de tratamento entre clubes, para que não haja uns que são mais iguais que outros. É obrigatório que todos, sem excepção, se mentalizem da urgência desta reforma estrutural que o futebol exige, de modo a contribuirmos todos para que esta indústria seja, cada vez mais, um exemplo e um modelo de liberdade, verdade e dignidade.
Para que isso aconteça, os adeptos não podem ser ignorados nem marginalizados. Mas também eles têm que saber estar à altura do momento que vivemos. Reforço por isso o apelo que já fiz, uma e outra vez, para que no Sporting CP sejamos todos capazes de não nos rebaixarmos ao nível daqueles que não sabem estar no desporto de forma digna e que valorizemos, como o temos feito, a grandeza dos nossos princípios e valores enquanto instituição centenária.
A rivalidade saudável é um bem comum, a guerrilha e as provocações constantes só nos conduzem a tragédias e desgraças que não podem repetir-se. Tenhamos a coragem de fazer um 25 de Abril no futebol e lutemos juntos pela liberdade, transparência, verdade desportiva e dignificação do sector e dos seus agentes.”
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