Bruno de Carvalho aproveitou a conferência de imprensa desta quarta-feira para responder a Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, que reafirmou ontem que a Assembleia Geral destitutiva marcada para 23 de junho vai mesmo realizar-se.
O líder dos 'leões' sublinhou que o Conselho Diretivo não está contra a democracia e que foi a Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal que se demitiram.
"Quando nos sentámos com o Conselho Fiscal e Disciplinar e a Mesa da Assembleia Geral [MAG], foi-nos proposto 60 dias em funções e depois eleições. Isto a 24 de maio. Na minha terra, com 60 dias dá 24 de julho, que até era uma data engraçada, o dia de anos do meu pai e do Jorge Jesus. O período da possibilidade de apresentação das rescisões é até 14 de junho. Metam na cabeça que esta questão estava sempre em cima da mesa. O prazo que deram era 24 de julho. As rescisões podem acontecer até 14 de junho", começou por referir.
"Fomos um órgão eleito e somos nós que estamos contra a democracia? A mesa decidiu demitir e o Conselho Fiscal decidiu demitir-se. E nós não estamos a cumprir a democracia? Estamos a cumprir o nosso mandato. Onde é que diz no estatutos que somos obrigados a demitir-nos? Não fomos nós que os corremos, eles é que se demitiram. Isto está a subverter-se tudo. Como é que se pode falar de democracia onde temos um sportinguista [Manuel Moura dos Santos] a pedir ao governo para tirar a utilidade pública do clube? Ontem sentam-se as pessoas numa mesa e nem falam aos sportinguistas da exigência legal de fazer a AG de aprovação do orçamento. A mira é a AG de destituição. Quem se demitiu foram eles, nós tivemos que tomar atos de gestão a partir daí. Se eles acham, e não é com cartas labregas a ofender as pessoas que se vai a lugar algum. Se as pessoas acham que a comissão transitória da mesa é algo ilegal, vão para os tribunais. Mas não vão utilizar o logótipo do Sporting em pseudoconvocatórias. Isso é que é democracia? A justiça que decida", acrescentou.
"Já disse isto várias vezes: isto devia ser uma comissão isenta, que devia criar pontes, como diz o ex-presidentre da Mesa. A intenção deles era vir colaborar com o Sporting naquilo que são os superiores interesses. Querem uma AG destitutiva? Entreguem as assinaturas e os preceitos legais. Se tiverem os preceitos todos, nós fazemos a AG de destituição. Estamos a tirar a voz a quem? Somos os únicos em funções e legitimados. Por 87 por cento nas eleições e por 90 por cento na AG mais concorrida de sempre. Nós não mandámos ninguém embora. Depois tivemos que tomar atos de gestão. A partir desse momento cabe-lhes a justiça e deixar o Sporitng em paz. Está marcada uma AG pelo Sporting para dia 17. Um dos pontos vai ser ouvir os sportinguistas. E depois uma AG eleitoral para o dia 21 de julho. Para quem se foi embora. Neste momento apenas há comissões transitórias. Não percebo este alarido todo. O que é que isto está contra a democracia? Onde é que está escrito que temos de nos demitir? Isto são chavões, não estamos a tirar a voz aos associados. A antiga Mesa tinha pedido uma AG que não vai haver. Não são a Mesa da AG do Sporting", prosseguiu.
Esta conferência de Bruno de Carvalho, recorde-se, surge na sequência da rescisão por mútuo acordo com o treinador Jorge Jesus, que já assinou contrato com Al-Hilal da Arábia Saudita, e da demissão de Guilherme Pinheiro, administrador da SAD, que já foi comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A crise no Sporting acentuou-se em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, enquanto o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal.
No âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o 'team manager' do clube, André Geraldes.
Depois estes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.
O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
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