Carlos Severino, antigo diretor de comunicação dos “leões”, apresentou-se hoje como candidato à presidência do Sporting, garantindo que quer apostar na formação do clube e nos três milhões de adeptos.

Primeiro candidato assumido às eleições antecipadas de 23 de março, Carlos Severino disse, em declarações à agência Lusa, que no futebol a aposta é «em algo simples».

«O Sporting tem uma Academia fantástica. Se aplicar um modelo igual ao do Barcelona, com certeza, que rentabiliza a sua equipa de futebol. É preciso é que haja alguém que diga que o projeto é este – formação e uma ou outra contratação cirúrgica – e que aconteça o que acontecer não sai dali», referiu.

Para o antigo jornalista, é importante que haja uma aposta «na interligação com os três milhões de adeptos e com os mais de 250 núcleos do Sporting em todo o mundo».

«Naturalmente que nesses três milhões de adeptos há pessoas com valor para investir no Sporting, desde que acreditem nas pessoas que lá estão. Com estas gestões, quem é que acredita, quem é que quer investir numa situação devedora? Ninguém. O Sporting carece de uma liderança forte», referiu.

Diretor de comunicação durante oito anos, durante as presidências de José Roquette e Dias da Cunha, Severino considera que «não tem sido o problema financeiro a colocar o Sporting no sítio onde está atualmente, ao nível do futebol profissional».

«Sempre houve dinheiro, que vinha da banca, e foram criadas mais dívidas. O problema é que não foram acrescentadas mais-valias, o Sporting deixou de ir à Liga dos Campeões, o Sporting compra jogadores ‘a torto e a direito’ por valores enormes e depois não os consegue valorizar. Os passes dos jogadores já não são do Sporting. Portanto isto é o descambar total de uma estratégia», lamentou.

Apoiado pelo movimento “Salvar o Sporting”, Carlos Severino quer renegociar a dívida com a banca para tentar «restruturar a dívida para que o Sporting não esteja nessa dependência financeira terrível».

Sobre a marcação das eleições para 23 de março, Carlos Severino disse que esta solução «foi melhor» do que a Assembleia Geral para destituir a atual direção, prevista para 09 de fevereiro, «mas não foi a ideal».

«Devia existir uma comissão de gestão até ao final da temporada, que até poderia integrar o engenheiro Godinho Lopes. Pelo meio, na nossa opinião, deveria haver um congresso para discutir o futebol profissional do Sporting nos seus aspetos financeiro e desportivo. Isso dava espaço para que houvesse mais abrangência de ideias e com certeza que não apareceriam tantas candidaturas, porque haveria a possibilidade das várias candidaturas se aproximarem», referiu.

Na segunda-feira, os órgãos sociais do Sporting renunciaram em bloco e marcaram eleições para 23 de março, após um acordo entre os presidentes do Conselho Diretivo, Godinho Lopes, do Conselho Fiscal e Disciplinar, João Mello Franco, e da Mesa da Assembleia Geral, Eduardo Barroso, que tinha dado o aval a uma reunião magna extraordinária com a intenção de destituir a direção, convocada para 09 de fevereiro e a agora desmarcada.