O treinador do Sporting de Braga, Carlos Carvalhal, disse hoje em Leiria que há uma “diferença brutal de atitude” mental entre os jogadores de futebol ingleses e os restantes no que toca à recuperação física entre jogos.

Convidado a falar sobre “Operacionalidade de treino” no Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que encerra hoje em Leiria, Carlos Carvalhal recordou a experiência à frente do Sheffield Wednesday e Swansea, em Inglaterra, para frisar as diferenças sobre “o fator mental na recuperação”.

“Os britânicos estão habituados, desde pequeninos, a não ouvir sequer falar em gestão [de esforço]. Ouvem falar em jogar permanentemente. É impensável dizer a um jogador de terça-feira para sábado que não vai jogar, que pode estar fatigado. É um insulto. Eles estão sempre disponíveis para jogar”, afirmou o técnico, lembrando o exemplo do “Boxing Day”.

Nessa fase das competições em Inglaterra, no final do ano, “todos estão habituados a ver na televisão os jogadores a jogar o ‘Boxing Day’”.

“E são sempre os mesmos a jogar: eles veem essa realidade e perseguem essa realidade. E pensam: ‘se eles conseguem, eu também consigo’. A mente é tremenda e ajuda muito”, reforçou Carvalhal.

Para o treinador do Sporting de Braga, está comprovado que “em termos fisiológicos ninguém recupera totalmente em 72 horas [de repouso]”.

Mas, no Sheffield Wednesday, por exemplo, percebeu a diferença entre a fação de jogadores britânicos e os restantes, num plantel que tinha também “portugueses, latinos, um argentino, um da República Checa...”.

“É possível jogar após 48 e 60 horas, e jogar a um nível elevado”, surpreendeu-se, mesmo com “uma recuperação mínima” e que implica andar “sempre numa linha vermelha em termos de lesões e de não-recuperação. Qual é a diferença entre estes jogadores? “Há uma diferença brutal de atitude perante a recuperação”.

Em Leiria, Carvalhal falou também na inclusão de jovens na primeira equipa do Sporting de Braga, reconhecendo que a possibilidade de lançar talentos o emociona.

“Eu estreei-me pela mão de Quinito com 17 anos no Braga [na época de 1983/84]. De forma alguma deixo de recordar esse momento, porque o Sporting Clube de Braga é o meu clube”, vincou, garantindo que replica esse gesto, mas “não por serem jovens”.

O jogador “tem de ter talento, tem de ter trabalho, tem de corresponder às expectativas”.

“Tem-me dado um gozo particular. Estar a proporcionar a tantos jovens a possibilidade de jogar na primeira equipa emociona-me. E, principalmente, quando o fazem bem”, notou.

Yan Couto, Francisco Moura, Bruno Rodrigues, Vítor Oliveira, Roger ou Gorby são algumas das promessas que têm surgido na primeira equipa do Braga.

“Felizmente, os miúdos têm tido um comportamento espetacular, tal como a equipa. Há erros individuais, sem dúvida, às vezes com alguma gravidade. Mas, entendemo-los como parte do processo. Vai custando um, dois, três pontos aqui e ali, mas não são só os jovens que cometem erros, também os jogadores mais experientes. Temos de dar confiança aos miúdos porque entendemos que esse é o caminho”, concluiu.

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