O Chega pediu hoje a audição parlamentar do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do secretário de Estado da Juventude e do Desporto e do presidente da Liga Portugal no âmbito da investigação por alegado tráfico de seres humanos.

O caso em investigação tem como epicentro uma academia de futebol localizada em Riba d’Ave (freguesia do concelho de Vila Nova de Famalicão), a Bports, liderada pelo presidente da Assembleia-Geral da Liga Portugal, Mário Costa, que, entretanto, renunciou ao cargo.

O Chega refere que o caso levou a buscas na residência de Mário Costa e originou ao resgate de mais de uma centena de jovens e menores integrados na academia de futebol.

“Não colocando em causa a investigação em curso, é deveras premente a necessidade de escutar as entidades envolvidas e responsáveis, não só pelo bom nome de Portugal e do desporto nacional, tal como pela salvaguarda dos mais elementares direitos humanos que estão em causa, numa altura em que surgem várias denúncias de casos de redes de tráfico de seres humanos a operar em território nacional nas mais diversas áreas”, refere o Chega.

O partido quer perceber “como foi permitida a existência deste caso e conhecer que ferramentas e instrumentos estão a ser usados para identificar casos idênticos”.

Assim, o Chega justifica o pedido de audições parlamentares, conjuntas entre a Comissão de Assuntos Constitucionais e Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, “tendo em conta a gravidade do caso tornado público, da possibilidade da existência de mais casos e num período em que Portugal está no epicentro de várias denúncias da operacionalização de redes de tráfico de seres humanos em território nacional”.

O SEF anunciou na quarta-feira que foram constituídos arguidos dois cidadãos portugueses e cinco sociedades, no âmbito da investigação por eventual tráfico de seres humanos com epicentro numa academia de futebol em Famalicão.

Em comunicado, o SEF acrescenta que foram sinalizadas 47 vítimas de tráfico de pessoas, das quais 36 menores e nove jovens adultos.

“Todos foram colocados sob proteção do Estado português”, diz ainda o comunicado.

Os menores foram acolhidos em instituições da Segurança Social, por indicação da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e do Tribunal de Família e Menores de Vila Nova de Famalicão.

No total, foram identificados 85 estrangeiros, entre adultos e menores.

Em nota publicada na sua página, a Procuradoria-Geral Regional do Porto refere que os menores foram retirados da academia “por se encontrarem em situação de perigo”.

A procuradoria disse ainda que outros jovens maiores de idade foram encaminhados para diferentes unidades de abrigo.