Ao longo dos últimos dias vários foram os clubes que virão os seus jogos serem fechados aos adeptos, tanto a nível nacional como internacional, devido ao surto do coronavírus.

Sem adeptos, vários são os clubes que vêm assim as receitas de bilheteira afetadas por esta decisão. Em declarações à TSF, Carlos Vieira analisou o cenário.

"Fora dos três grandes, todos os jogos dão prejuízo. Isto é, os custos de policiamento, limpeza, etc. são superiores à receita conseguida com a venda de bilhetes. A exceção será talvez os jogos contra os três grandes, mas mesmo essa quebra não é significativa. A grande fonte de receita dos clubes são os direitos televisivos", admitiu o antigo vice-presidente do Sporting.

Carlos Vieira lembrou ainda que "se a situação se mantiver até ao final da época, os efeitos são mitigáveis porque a falta de receita é compensada pela redução de custos da operação. Se o cenário não se alterar para a próxima época, aí sim haverá um impacto grande. Se as pessoas não comprarem os bilhetes de época, as contas dos clubes vão-se ressentir. Se os hábitos de consumo mudarem e os espetadores começarem a comprar jogo a jogo, também. Mas esta época, se nenhum clube for obrigado a devolver parte das verbas, não há grande efeito nas contas".

Jogos à porta fechada: Famalicão e V. Guimarães são os mais prejudicados
Jogos à porta fechada: Famalicão e V. Guimarães são os mais prejudicados
Ver artigo

Já Sónia Covita, coordenadora do centro de competências legal e financeiro da Deco, referiu que os clubes devem assumir responsabilidade na situação.

"Estamos a falar de consumidores que são adeptos e dificilmente querem ver o clube prejudicado por um jogo ou dois, mas como em qualquer espetáculo, os espetadores têm direito a ser indemnizados pelos custos que já tiveram", revelou.

Quanto aos bilhetes de época, "à luz da lei, os consumidores têm direito a um desconto ou um acerto no valor que pagam".

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.

Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.

Segundo a DGS, há ainda 667 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.