O candidato à presidência do Sporting José Dias Ferreira admitiu que era “impensável” ver o clube mergulhar na crise que precipitou as eleições do próximo sábado, após a destituição em junho do anterior presidente, Bruno de Carvalho.

Em entrevista à Lusa, o antigo dirigente dos ‘leões’ lamentou que o ex-presidente não tenha sabido lidar com a clara maioria obtida nas eleições de 2017 e com o reforço de poderes recebido com a alteração estatutária.

“Achava que os 90% de votação deviam fazer refletir Bruno de Carvalho noutro sentido. Devia aceitar esses 90% com humildade. Em vez disso, não devia ter procurado esmagar as pessoas e os restantes 10%. Não era uma unidade, era uma conquista total do poder e aí os sportinguistas retiraram todo o crédito que tinham dado”, afirmou.

Entre as propostas que defende caso seja eleito pelos sócios no próximo sábado, Dias Ferreira propõe a realização do congresso e dar um novo impulso ao Conselho Estratégico do Sporting, pretendendo convidar não só os atuais candidatos às eleições, mas também antigos presidentes. E garante não descartar no futuro Bruno de Carvalho.

“Não deixará de falar comigo, se quiser. Eu não desagrego, ele é que não se tem querido aproximar desta etapa que estamos a viver. Não o convidarei para o Conselho Estratégico, como é evidente. Como tenho a convicção de que ele não está bem, sempre o disse, não é de agora. O futuro a Deus pertence. Se for o Bruno de Carvalho que conheci no meio termo, se o voltar a ser, não tenho razão nenhuma para não falar com ele”, referiu.

Paralelamente, o mais velho dos candidatos à presidência, com 71 anos, considerou “um erro” o afastamento do clube de Alvalade em relação aos principais órgãos do futebol português, nomeadamente a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de clubes, apesar de enaltecer o valor de algumas ‘batalhas’, como a “luta pelo videoárbitro e pela verdade desportiva”.

“Muitas vezes, a forma como se faz essas reivindicações leva a perderem força, porque fazem-se em estilo, forma e canais que não seriam os melhores. Depois foca-se na forma e esquece-se o conteúdo. Nos últimos anos aconteceu muito isso. Essas coisas têm de se fazer pelas vias próprias, com seriedade, rigor e sem se misturar com ataques pessoais”, definiu.

Em sentido inverso, um eventual reatamento das relações institucionais com o rival Benfica, que foram marcadas por uma enorme tensão nos últimos anos, embora seja desejado por Dias Ferreira, não irá acontecer de forma imediata e sem que sejam dados esclarecimentos sobre os vários processos que envolvem o emblema da Luz na justiça.

“É preciso que haja compromisso de que as coisas correm no respeito pelas normas, pela transparência e pela verdade desportiva. Enquanto isso não estiver tudo esclarecido não posso estar com relações instituições normais, embora as deseje. Nunca dobro a minha espinha quando tenho razão e o Sporting também não dobrará a sua, que é muito mais importante do que a minha”, sentenciou.

As eleições no Sporting estão marcadas para sábado. Além de José Dias Ferreira (lista F), concorrem ao ato eleitoral João Benedito (A), José Maria Ricciardi (B), Frederico Varandas (D), Rui Jorge Rego (E) e Fernando Tavares Pereira (G).

Madeira Rodrigues avançou com uma candidatura mas acabou por desistir a favor de Ricciardi.