O ex-árbitro internacional Duarte Gomes considerou que a utilização do vídeoárbitro (VAR) no futebol português tem-se revelado “uma grande ajuda” para os juízes, e abre a perspetiva de uma nova carreira, apesar de existirem “algumas arestas por limar”.
“Têm existido decisões acertadas e erradas. É uma grande ajuda, mas com algumas arestas por limar”, observou Duarte Gomes, durante uma sessão do ciclo de conferências subordinado ao tema “Tecnologia no desporto: como continuar a ser uma mais-valia?”, na Universidade Europeia, em Lisboa.
Duarte Gomes considerou que o número de câmaras colocadas à sua disposição devia ser uniformizado, uma vez que a quantidade difere em função da importância dos jogos, o que significa que os VAR “não têm sempre as mesmas condições para apurar a verdade”.
O antigo árbitro defendeu também que existe uma “situação de desigualdade” relativamente à designada linha de fora de jogo, cuja tecnologia não foi aprovada, mas à qual os vídeoárbitros estão expostos, de forma arbitrária, dependente da decisão da realização.
“O protocolo diz que, além de ter acesso a todas as imagens não editadas, o VAR também deve ter acesso às imagens da transmissão televisiva. O que acontece é que algumas transmissões optam por colocar a linha de fora de jogo e outras não, criando uma situação de desigualdade”, advertiu.
Duarte Gomes recordou que, pelo menos durante a fase de teste, pretendeu-se que o VAR fosse o menos invasivo possível no desenrolar do jogo, e, por isso, restringiu-se a sua ação a situações gravemente atentatórias da verdade desportiva.
Apesar da existência de algumas falhas, Duarte Gomes acredita que o VAR será aprovado definitivamente, convertendo-se, no futuro, numa espécie de “assistente pessoal do árbitro” e abrindo, inclusive, uma perspetiva de carreira.
“Está aqui a nascer uma nova carreira, porque as competências do árbitro são diferentes das competências do vídeoárbitro. Um bom árbitro pode dar um mau vídeoárbitro e vice-versa”, sustentou o antigo árbitro internacional.
Duarte Gomes notou que o VAR “está, finalmente, a desculpabilizar o árbitro”, retirando-lhe uma parte significativa da pressão, que foi transferida para o vídeoárbitro: “Agora, é sobre ele que recai o ónus”.
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