No dia 5 de março de 2020, foi iniciada uma das eras mais categóricas do Sporting, nos últimos anos, com Ruben Amorim ao leme. A desconfiança e descrença era generalizada, principalmente devido à sua cor clubística, mas disse adeus aos sportinguistas como um dos melhores treinadores e mais acarinhados que o emblema já teve.

Em cinco anos, voltou a elevar o clube de Alvalade aos tempos de glória e conquistou dois campeonatos nacionais, duas taças da liga e uma supertaça. Para além disso, marcou os adeptos com o seu enorme carisma e excelente capacidade de comunicação, centrada na frontalidade e sinceridade. Depois de tantas conferências de imprensa e declarações, foram várias as frases que marcaram a passagem de Ruben Amorim pelos leões.

A primeira delas foi logo na primeira intervenção de leão ao peito, onde deu nas vistas e deixou no ar aquela que viria a ser a frase que acompanhou os cinco anos no Sporting: ‘E se corre bem?’.

Fique com alguns desses exemplos.

Sobre a queixa feita pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol por alegada “fraude” na inscrição como técnico principal: “Não tenho qualquer receio sobre isto, já passei por isto numa altura mais difícil da vida, sem esta ajuda. Na primeira vez que me aconteceu isto o Casa Pia subiu à segunda liga, pode ser bom prenúncio.”

Depois do primeiro título de campeão nacional: “Hoje é o dia dos sportinguistas: usem, abusem e festejem. Hoje vou dormir bem, mais descansado, mas amanhã preparar já o jogo com o Benfica, porque queremos continuar a vencer.

Reação, com ironia, às palavras de Sérgio Conceição após castigos aplicados aos jogadores do Sporting pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol: “Há coisas que me dão vontade de rir, como certas pessoas dizerem que não vale tudo para ganhar. Por isso, é melhor nem fazer comentários.”

Sérgio Conceição: “Azia? O Sérgio Conceição mesmo sendo campeão está sempre mais aziado do que eu.”

Apoio da direção: “Eu não gosto muito, principalmente nestas fases, de apoio. A direção não precisa de me apoiar. Isso é algo que deve fazer quando entende, eu sinto-me bastante confortável. E como acredito que podemos ganhar todos os jogos, sinto-me sempre bem acompanhado porque estou acompanhado pelos meus jogadores.”

“Até ao fim do ano [época], aconteça o que acontecer, eu não vou abandonar os rapazes e vou assumir isto, porque nenhum treinador deve vir para aqui sem estar pensado com o projeto.”

Convocatórias da seleção: “Fui a dois Mundiais e não era metade do jogador que são Pote e Inácio.”

Após quarto lugar: “Acredito que, no Sporting, ficar em quarto lugar é difícil de gerir. Se o Sporting assim entender, poderá dispensar-me sem qualquer euro a mais, mesmo tendo contrato por quatro anos [até 2026]. Fica aqui a minha palavra.”

Contrato com o Sporting: “Tenho contrato com o Sporting por mais três anos e, na minha cabeça, é imaginar ser campeão pelo menos mais uma vez durante esses três anos.”

“Não tenho reuniões marcadas com ninguém, apenas com o Sporting, de preparação da próxima época. Nem da minha parte, nem do Raul Costa, que é o meu agente, não houve ninguém a dizer que eu tinha reuniões marcadas. É tudo muito subjetivo e não quero dar grande ênfase a essas notícias.”

Comparação com os rivais: “Penso que estamos ao nível dos nossos rivais, temos potencial para isso. São plantéis diferentes. Temos muita juventude, mas também já temos jogadores com experiência. Estou bastante satisfeito e tenho de pagar um jantar ao Hugo Viana, que bem merece pelo grande mercado que fez.”

Após vitória por 2-0 ao FC Porto: “O Sérgio [Conceição] falar depois de perder já é bom.”

Mercado de transferências: “Tenho a certeza que no final da época vai ser muito difícil segurar certos jogadores.”

Sobre o futuro na conferência de imprensa de antevisão do encontro com o Benfica: “Eu não vou discutir nada com o Sporting, devo muito ao Sporting, o que tiver de acontecer, acontecerá. Mas nunca passaria por mim uma pressão para sair, porque devo muito a este clube, sou muito feliz aqui.”

Viagem a Inglaterra: “Não houve entrevista [com o Liverpool], muito menos acordo. A única coisa que todos queremos aqui é ser campeões pelo Sporting.”

“Obviamente que foi um erro [a minha viagem a Inglaterra]. Foi um erro a minha viagem, o ‘timing’ foi completamente desajustado, ainda para mais quando eu sou tão exigente com os meus jogadores, sou sempre o primeiro a dizer que os problemas individuais não se podem sobrepor à equipa.”

“O que os adeptos do Sporting podem esperar de mim é o mesmo de sempre. Eu dou o máximo pelo clube, adoro estar aqui e isso vai continuar. Tenho contrato com o Sporting e sou treinador do Sporting.”

Durante os festejos do 20º título, no Marquês de Pombal: “Disseram que só ganharíamos campeonatos de 18 em 18 anos, que só ganhámos o campeonato porque não tínhamos público e dizem que jamais seremos bicampeões outra vez. Vamos ver.”

Sobre bicampeonato e permanência no clube: “Não controlamos o futuro, mas estou muito focado no Sporting e no trabalho. Os erros que cometi no passado, certamente não irei cometer no futuro, o meu foco é apenas o Sporting e estamos a planear a próxima época com o máximo de pormenor.”

“Fiquei porque gosto de estar aqui, porque o clube me quer e porque queremos fazer algo que não foi feito há 70 anos e acho que é importante tentar fazer isso. Esse é o objetivo, ser bicampeão.”

Possível saída de Viktor Gyokeres: “O que eu digo é que o Viktor  é um grande jogador e eu acho que ele vale 100 milhões [de euros]. E, principalmente o Sporting, o seu presidente [Frederico Varandas] e o diretor desportivo [Hugo Viana] acreditam que ele vale 100 milhões. Portanto, é esse o preço que ele tem, quem quiser [contratá-lo] terá de pagar 100 milhões.”

Interesse do Manchester United: “Houve o comunicado do Sporting e é a única coisa que há neste momento. Há interesse do Manchester United, há o pagamento da cláusula, mas enquanto não estiver tudo decidido, não vale a pena dizer muito mais, porque isso só irá criar ruído.”

“Não consigo dizer nada decisivo ou taxativo. Apareceu um clube que quer pagar a minha cláusula. Isso, eu não controlo. Sei que, se sair, as pessoas vão ficar desapontadas e tristes. Se quero ir ou não ir, não sei. Mas, vou dar a cara e explicar tudo, mesmo que as pessoas entendam ou não.”

“A única vez que faltei àquilo que disse foi no dia do avião [para uma deslocação a Londres]. De resto, tenho muita estabilidade, sou muito feliz aqui, gosto muito do meu ‘staff’ e uma coisa não impede a outra.”

“Amanhã [quarta-feira] vou estar no treino para preparar o jogo com o Estrela da Amadora e esse é o meu foco. Antes das bolas paradas no último treino houve uma conversa com os jogadores, para tirarmos o elefante da sala. Os jogadores quando vão para a palestra não estão iguais. Apareceu um clube que quer pagar a minha cláusula e isso eu não controlo.”

“É óbvio que os adeptos estão revoltados, têm muito amor por mim e percebo isso, mas agora não consigo dizer nada taxativo ou definitivo. Não quero dar esperanças a ninguém.”

“Prometo que no fim do jogo [com o Estrela da Amadora, na sexta-feira] irei falar sobre isso [possível transferência para o Manchester United], mas, ao estarmos a falar agora, é mais uma desestabilização para o plantel.”

Após confirmação da saída para o Manchester United: "No início da época, tive uma conversa com o presidente e com o [diretor desportivo] Hugo Viana, e disse que, acontecesse o que acontecesse, era a minha última época no Sporting. Esta época começou (...) e surgiu a situação do Manchester United. O único pedido que eu fiz foi para ser no final da época. Eu estive três dias a pedir isso, mas disseram-me que não era possível. Seria agora ou nunca”.

“Custa-me mais a mim do que a qualquer sportinguista. Apareceu um clube que eu sabia que, se o rejeitasse, daqui a sete meses não o iria ter. E eu sabia que, daqui a sete meses, saía do Sporting. Era um arrependimento com que seria difícil de lidar”.

Reflexão sobre os cinco anos no Sporting: “Foi a melhor fase da minha vida. Todas as pessoas no Sporting sabem a importância que tiveram para mim. Percebo a desilusão dos adeptos e que estão divididos, por sair a meio de uma época que pode ser histórica”

Declarações antes do jogo frente ao Manchester City: “As ilações que vão tirar não são importantes para mim, porque poderão ser enganadoras. Se perdermos, as expectativas vão baixar. Se ganharmos, vão pensar que chegou o novo Alex Ferguson, o que serão muito difíceis de manter”.