O Estoril Praia é o primeiro clube a aderir à Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável, com a apresentação de 20 medidas para contribuir para um mundo melhor e recuperar o papel social do desporto.
Numa iniciativa inédita, a cujo projeto a Lusa teve acesso, o emblema da ‘Linha' assume a vontade de inovar nos mais diversos aspetos: erradicação da pobreza, igualdade de género, energias renováveis ou na proteção da vida marinha, entre outros. Para o presidente do Estoril, Alexandre Faria, este é também "um desafio" aos outros clubes para seguirem o mesmo caminho.
"Não queremos que se fique apenas por aqui, queremos que possa ser uma medida extensível a todos os outros clubes, porque isso nos parece extremamente importante. Desafiamos todos os outros clubes a fazer o mesmo", afirma o dirigente, acrescentando: "O desporto tem uma missão de formação e de exemplo para a sociedade, e é aí que nós nos queremos posicionar."
Em entrevista à Lusa, o líder estorilista sublinha a vontade de concretizar "a grande maioria" das ideias no espaço de "dois ou três anos. Do plano atual, são de destacar a "forte aposta nas modalidades femininas", bem como o papel nas alterações climáticas, com o aproveitamento das energias renováveis e o compromisso de reduzir em 30% as emissões de CO2 do clube.
"Acreditamos que é através destas medidas e da adesão a esta agenda que nós podemos reposicionar o verdadeiro papel do desporto em tudo isto; é, de facto, tempo de começarmos a falar de paz e da responsabilidade que os clubes devem assumir", frisou, deixando espaço aberto para a futura adoção de novas medidas que reforcem a sustentabilidade do planeta.
Confrontado com o clima de tensão que se vive entre os maiores clubes do futebol português, Alexandre Faria lamenta a situação e defende que é "uma obrigação de todos" alterar este panorama. Para o presidente do clube, o conflito não é a vocação do futebol, mas sim os sentimentos de comunhão e partilha.
"Quando vemos o mundo e a demasiada tensão da parte competitiva apercebemo-nos que há muito mais a fazer na área da responsabilidade social. Tem um potencial enorme para o crescimento dos clubes. Os clubes podem ser agentes privilegiados para contribuir para um mundo mais sustentável, não só pela mediatização como pelas ações que podem ter", disse.
Por isso, o líder dos ‘canarinhos' explica que "é tempo de voltar a colocar o desporto no verdadeiro papel que deve ter na sociedade" e que os diferentes agentes do desporto - e do futebol, em particular - devem interiorizar a "perceção que tudo o que é feito pode ter um impacto global" nas pessoas.
No projeto, que contou ainda com o incentivo da Câmara Municipal de Cascais e da própria ONU, ficou ainda estabelecido que a direção se compromete a apresentar um relatório anual, no qual esteja o ponto de situação sobre as medidas levadas a cabo ao longo dos próximos anos.
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