O início da fase de instrução do caso da invasão à Academia de Alcochete foi adiado pelo juíz Carlos Delca. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro.

O processo pertence ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Barreiro, mas, por razões de logística e de instalações, o juiz Carlos Delca determinou que a instrução, fase facultativa em que um juiz de instrução criminal decide se o processo segue e em que moldes para julgamento, decorra na nova sala do Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.

O arranque da fase de instrução estava marcado para esta quarta-feira dia 6. Às 10:00, 11:00 e 14:00, seriam as audições de três dos arguidos e no dia seguinte seria ouvido um quarto arguido e respetivas testemunhas por si arroladas.

O juiz Carlos Delca (foi o juiz da fase de inquérito e será o juiz desta fase instrutória) tinha ainda marcado para dia 13 de março, às 10:00, a audição do antigo presidente do Sporting e a inquirição de testemunhas indicadas por Bruno de Carvalho.

Apesar do adiamento, ainda não há uma nova data para o arranque da fase de instrução deste caso.

Recorde-se que a fase de instrução foi requerida por mais de uma dezena de arguidos, entre os quais o ex-presidente do Sporting e o antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto.

Nuno Mendes, conhecido como 'Mustafá' e líder da claque Juventude Leonina ('Juve Leo'), ao contrário do que a sua defesa tinha anunciado no ano passado, não requereu a abertura de instrução.

Em janeiro deste ano, o TIC do Barreiro declarou a especial complexidade do processo da invasão à Academia do Sporting, pedida pelo Ministério Público, o que, consequentemente, dilatou o prazo de prisão preventiva dos arguidos.

Esta decisão teve como consequência direta o alargamento do prazo (até 21 de setembro deste ano) para que o TIC do Barreiro profira a decisão instrutória (se o processo segue para julgamento), sem que 23 dos arguidos sejam colocados em liberdade.

Os primeiros 23 detidos pela invasão à Academia e consequentes agressões a técnicos, futebolistas e outros elementos da equipa 'leonina', ocorridas em 15 de maio do ano passado, ficaram todos sujeitos à medida de coação de prisão preventiva em 21 de maio.

Em 15 de novembro, exatamente seis meses após o ataque à Academia, a procuradora Cândida Vilar (que será a procuradora do Ministério Público na fase de instrução), do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, deduziu acusação contra 44 arguidos, incluindo o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e 'Mustafá'.

Dos 44 arguidos do processo, 38 mantêm-se sujeitos à medida de coação mais gravosa: a prisão preventiva. Os restantes seis arguidos, incluindo o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o líder da claque ‘Juve Leo’, encontram-se em liberdade, sendo que estes dois últimos estão obrigados a apresentações diárias às autoridades.

Aos arguidos, que participaram diretamente no ataque, o MP imputa-lhes a coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao público.

Bruno de Carvalho, 'Mustafá' e Bruno Jacinto estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. O líder da claque Juventude Leonina está também acusado de um crime de tráfico de droga.

*Artigo atualizado