Daniel Lorenz, diretor de assuntos jurídicos do FC Porto, manifestou o receio que a FIFA não permita um período de transição suficiente face à proibição da propriedade de futebolistas por terceiros.
O Comité Executivo da FIFA decidiu acabar com a propriedade de futebolistas por terceiros, ou seja, por fundos de investimento, a partir de 01 de maio, colocando assim em causa uma prática comum em Portugal, Espanha e na América do Sul.
“Às vezes, questões como esta são comparadas com um grande navio a navegar no oceano. Não se pode simplesmente, de repente, colocar uma luz vermelha na frente dele e dar-lhe ordem para parar imediatamente”, refere Daniel Lorenz.
O também secretário da SAD do FC Porto reconhece a necessidade de ajustar os denominados fundos partilhados de jogadores (TPO – Third-party Player Ownership), mas receia alguma intolerância na aplicação da proibição por parte da FIFA.
No artigo publicado na Sport Business Internacional, Daniel Lorenz refere que ao longo dos anos o FC Porto esteve envolvido em numerosas transferências de jogadores oriundos da América do Sul, que viriam a destacar-se e a conseguir reconhecimento nos principais clubes da Europa.
“É um método de financiamento que é prática comum na América do Sul, em especial, com os jogadores mais jovens, nos quais os seus direitos económicos são vendidos em troca de uma percentagem de uma transferência futura”, acrescentou Daniel Lorenz.
O responsável justificou que o FC Porto tem vindo a utilizar este sistema por não ser um clube rico e porque a sua principal fonte de rendimento ser proveniente da venda de jogadores e não de transmissões televisivas, bilheteiras ou publicidade.
“Não defendo que o TPO continue exatamente como está agora, dado que, como outra qualquer ferramenta comercial, necessita de regulamentação para proteger a integridade do futebol. No entanto, discordo com a proibição total do TPO”, referiu.
O dirigente portista entende a proibição dos fundos dos jogadores em Inglaterra, citando como exemplo os aos casos de Tevez e Mascherano, mas já não concorda que essas regras devam ser aplicadas da mesma forma para, entre outros, Portugal e Espanha. “Se se olhar para a forma como temos utilizado o TPO no passado, não é um abuso de talento, não é escravidão, e não é uma ameaça para a integridade. Na verdade, é uma coisa muito normal de se fazer”, sustentou Daniel Lorenz.
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