O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Fernando Gomes, defendeu este sábado as vantagens de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), durante as "Conferências Vitorianas" organizadas pelo Vitória de Guimarães, clube que não detém esse modelo de gestão.

O presidente do clube vimaranense, Macedo da Silva, admitiu a possibilidade, mas notou que serão os sócios do clube minhoto a decidir.

O também candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), um dos convidados para falar no painel "Os novos modelos de gestão do futebol português", lembrou a sua experiência na génese da SAD do FC Porto e defendeu que «a construção das SAD foi um fator determinante para o sucesso internacional do futebol português na última década».

Sob o lema "Vitória: que futuro?", a cerca de meia centena de sócios do clube presente na primeira edição das "Conferências Vitorianas", no Auditório Nobre da Universidade do Minho, em Guimarães, ouviu dos intervenientes mais argumentos a favor do que contra a sua criação.

No final, o presidente do Vitória de Guimarães, que nunca se mostrou defensor da ideia, não fechou as portas a que isso aconteça e prometeu que a direção vai analisar o assunto em breve, tendo, contudo, voltado a reforçar que dificilmente isso será possível no seu mandato.

«Tenho ouvido com atenção e entusiasmo e depois vou meditar sobre o assunto e ouvir os meus colaboradores. Não gostaria de tomar conclusões, nem decisões, aqui. Devemos analisar o assunto na próxima semana. [Se a decisão for avançar para a SAD] Não sei se será possível ainda no meu mandato. Os sócios têm de ser sempre ouvidos antes e serão eles a tomar esta decisão», frisou.

Recorde-se que em setembro, aquando das comemorações do 89º aniversário do Vitória, o presidente da mesa da Assembleia-Geral do clube (AG), João Cardoso, defendeu que o futuro dos vitorianos deveria passar pela constituição de uma SAD.

Macedo da Silva disse ainda que «a formação terá de ser o futuro do Vitória» e anunciou a criação de uma equipa B na próxima temporada.

«Já estamos ao nível de outros clubes em termos de formação. No próximo ano já teremos equipa B e vamos tirar dividendos. Será um passo muito importante para o crescimento do clube», afirmou.

Outro dos intervenientes, Paulo Lourenço, antigo administrador executivo da Sociedade Euro2004, S.A. e consultor da FPF, fez questão de afastar alguns "fantasmas" sobre as alegadas perdas de identidade dos clubes que optam por uma SAD e considerou "imoral que duas entidades que participem na mesma competição possam ter regimes fiscais diferenciados".

Pelo mesmo tom alinhou o vice-presidente do Instituto do Desporto de Portugal Mário Coelho Teixeira, presente em substituição do secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Alexandre Mestre.

«As SAD são um modelo de gestão já testado por muitos clubes em Portugal e não me lembro de algum ter perdido ou fragilizado a sua identidade por isso», considerando ainda que as modalidades podem tirar dividendos deste modelo de gestão.