O agente de futebol Jorge Mendes defendeu hoje que a decisão da FIFA de pôr termo aos fundos de investimento "deve preocupar o futebol português" e já afetou a transferência de jogadores estrangeiros para Portugal.

“Ainda agora em dezembro, vários jogadores estavam para vir para o futebol português e tinham já tudo praticamente acordado e com esta decisão que tomaram já não puderam vir”, apontou, na apresentação do livro “Jorge Mendes, o agente especial”, da autoria dos espanhóis Miguel Cuesta Rubio e Jonathan Sánchez.

Para Jorge Mendes “esta decisão é totalmente ilegal”, tanto “relativamente aos fundos como também ao ‘financial fair play’”.

“Vamos imaginar que tinham tomado esta decisão há seis ou sete anos atrás. O Falcão, o James Rodriguez, o Di Maria não tinha jogado em Portugal”, disse, afirmando que a medida da FIFA “deve preocupar o futebol português”.

Dizendo-se “de acordo em regular os fundos, criar regras”.

“Mas ninguém pode proibir um jogador de ter a possibilidade de encontrar um clube e um trabalho melhor por causa de uma decisão destas. Isso é impossível, é ilegal”, sublinhou.

"Em Portugal, os melhores clubes, como o Sporting, o Benfica ou o Porto não têm mais de 18 milhões. Um clube não terá o direito de usar mecanismos para se poder financiar, para poder competir a um nível superior?”, questionou.

Para o empresário, “tentaram criar uma imagem obscura” sobre os fundos que não corresponde à realidade.

“Um fundo é apenas a necessidade de um clube de se financiar. Toda esta imagem que se criou em torno desta história não tem sentido nenhum”, defendeu.

O Comité Executivo da FIFA decidiu em dezembro acabar com a propriedade de futebolistas por terceiros, ou seja, por fundos de investimento, a partir de 01 de maio de 2015.

“A interdição entrará em vigor a 01 de maio de 2015”, indica o comunicado da entidade que tutela o futebol mundial, precisando que “os acordos já existentes devem ser mantidos até à sua expiração contratual” e que “os novos acordos assinados entre 01 de janeiro e 30 de abril de 2015” estarão limitados à duração máxima de um ano.

A FIFA tomou a decisão de interditar esta prática a 26 de setembro, com o seu presidente, Joseph Blatter, a considerar que a interdição não poderia ser feita de imediato.

A posse de parte dos passes dos jogadores por fundos de investimento é algo comum na América do Sul, Espanha e Portugal, com os direitos desportivos dos futebolistas a pertencerem aos clubes e a investidores.