Francisco J. Marques utilizou a situação que ocorreu no jogo entre o Estoril e o FC Porto para relembrar as ligações entre Paulo Gonçalves, assessor jurídico dos 'encarnados' e Emídio Fidalgo, o responsável pelas vistorias aos recintos da Liga.

Em declarações no programa 'Universo Porto - Bancada', do Porto Canal e citadas pelo jornal O Jogo, o diretor de comunicação dos 'dragões' recordou e-mails entre os dois responsáveis.

"Não se pode coartar nenhum direito ao FC Porto. Se existem estes artigos por alguma razão é. Para que não volte a acontecer, para que não estejam adeptos em risco. Há quanto tempo isto já acontecia no Estoril? Não sabemos. Será que quando foram as vistorias no início da época já existiriam estes problemas? Provavelmente já. As imagens que vimos não me parecem que vieram de um dia para o outro. Faz-nos pensar que os problemas já existiam há algum tempo. Não deixa de ser curioso que as coisas acabem por terminar quase da mesma forma", começou por dizer.

"Quando fizemos algumas revelações no verão de 2017, de pessoas com ligações muito comprometedoras com o Benfica, falámos de Emídio Fidalgo, que era o responsável pelos delegados da Liga quando Nuno Cabral era delegado da Liga. Aparecia num email como recebendo algumas graças, benesses do Benfica, com o argumento de que os pareceres eram muito favoráveis ao Benfica. O que é que o responsável dos delegados da Liga tem a ver a com bancada do Estoril? Não é que o senhor Emídio Fidalgo é agora responsável pelas vistorias [aos estádios]? E acontece isto? Isto levanta óbvias suspeitas. Há um número de protagonistas no futebol português que são omnipresentes. Desaparecem de um sítio e aparecem noutro", referiu o diretor de comunicação do FC Porto, que falou também dos negócios do Benfica com outros clubes do campeonato.

"Com um olhar superficial sobre uma informação contabilística divulgada na Internet, há coisas surpreendentes, no caso uma série de negócios com alguns clubes que carecem de explicação. Com o Belenenses, clube que no campo nunca consegue fazer oposição ao Benfica, tem negócios como este: em fevereiro de 2015, o Benfica fez um contrato em que se obrigou a pagar 300 mil euros por 50 por cento dos passes do Dálcio, Ricardo Dias e Fábio Nunes, que nem eram utilizados com regularidade. De repente, o Benfica descobriu três pérolas e fez um contrato em que se obriga a pagar aquele valor e a comprar os restantes 50 por cento por 700 mil euros.", afirmou.

"Se algum desses jogadores não ficasse no plantel do Benfica seria emprestado ao Belenenses. É um negócio da China para o Belenenses. A opção devia ser exercida entre 7 e 15 julho de 2015, mas pagou em março. Qual a entidade que faz um contrato para pagar em julho e antecipa para março? Porque tem excesso de liquidez, presume-se. Mas tem o segundo maior passivo da Europa. É mentira que nade em dinheiro. Em julho, compraram mais 25 por cento do Dálcio. Sucessivamente injetou dinheiro no Belenenses. O pagamento de março aconteceu duas ou três semanas antes de visitar o Restelo para o campeonato. Estes comportamentos são estranhos. Recordo uma coisa, em outubro quando o Benfica foi alvo de buscas pela PJ, no lote havia especialistas na área contabilística/financeira. As próprias autoridades já detetaram coisas estranhas. Não estou a dizer que há crime algum, não tenho capacidade para isso, mas que é estranho.... Se calhar há uma qualquer explicação", disse o responsável de comunicação

"Em poucos meses, transferiu 850 mil euros para o Belenenses. 650 mil por um jogador que nunca integrou o plantel e 200 por dois que nunca exerceu a opção de compra"

"Este modus operandi repete-se. Já antes tinha havido, no tempo da direção do V. Guimarães que se colocou ao lado do Benfica contra o FC Porto no caso da Liga dos Campeões, um contrato em que o Benfica ficou com o direito de opção de todo o plantel por 1,250 milhões de euros. Em poucos meses, transferiu 850 mil euros para o Belenenses. 650 mil por um jogador que nunca integrou o plantel e 200 por dois que nunca exerceu a opção de compra."

"Para compor o ramalhete, em 2013/14, dez dias antes do jogo entre as duas equipas, pagou 30 mil euros pelos bilhetes. No ano seguinte, com quase dois meses de antecedências, outros 27 mil euros. O padrão do Benfica a pagar bilhetes nos jogos fora de casa é com algumas semanas de atraso. Com o Belenenses houve antecipações. Isto é estranho. Era bom que o Benfica não andasse a iludir toda a gente. Não há nada desta informação que circula que seja falsa. Era bom que desse explicações, o futebol português precisa delas, e até os adeptos do Benfica", explicou.

"Acontecia só com o Belenenses? A 18 de dezembro de 2103, transferiu 200 mil euros para o Boavista. Passado um mês mais 46 mil. Transferências relativas a quem? Não há noticias de qualquer contratação. Estamos na presença de um qualquer esquema de financiamento a troco de quê? Se for de uma transferência, amanhã que digam de quem foi. Que expliquem, e não deixem estas suspeitas sobre estes comportamentos. Em 2009, outro email, do Álvaro Braga Júnior que enviou para Paulo Gonçalves, através de uma funcionária com um plano para arranjar uma forma alternativa e irregular de transferir dinheiro para o Boavista através de um veículo. Isto é marosca".