O médico Frederico Varandas, que hoje se demitiu da direção clínica do Sporting, garante que será candidato à presidência do clube, caso sejam convocadas eleições, e considerou que o importante “neste momento é dar voz aos sócios”.
“Se houver eleições, serei candidato”, disse Frederico Varandas à agência Lusa, defendo que perante a atual situação do clube, é essencial ouvir os sócios.
“Se os sócios não forem chamados hoje pelo que aconteceu, pergunto quando serão? As eleições para mim são secundárias, o que é importante neste momento é dar voz aos sócios, e eu como sócio do Sporting, peço isso”, afirmou.
Frederico Varandas, que chegou ao Sporting em 2011, lembrou que foi um admirador do atual presidente, Bruno de Carvalho, quando este devolveu o clube aos sócios.
“Isso foi uma das coisas que admirei e pela qual lutei, exatamente com este presidente, foi ter devolvido o Sporting aos sócios, ouvir os sócios”, disse o médico, que hoje se demitiu, criticando “a faceta autocrática e sectária de Bruno de Carvalho”.
Frederico Varandas considerou que o Sporting precisa de “paz e força interior” para fazer face aos problemas de base e estruturais que vive, e deixou um pedido aos sócios: “Não podemos fingir que nada se passa, que nada aconteceu”.
O médico, de 38 anos, explicou que na base da sua demissão esteve o facto de nas últimas semanas ter assistido a um ruir dos valores do clube “que assenta em valores morais, na transparência, e na dignidade”.
“Assisti nas últimas semanas a um ruir de tudo isto e como sócio custa-me ver o clube assim e não consigo fazer parte mais disto assim”, afirmou Frederico Varandas, lembrando: “Antes de ser diretor clínico do Sporting, sou sócio, e tenho muito orgulho em ser do Sporting”.
O médico, que viveu “no epicentro” os incidentes na Academia, em Alcochete, descreveu o dia em que futebolistas e equipa técnica foram atacados por alegados adeptos como “o mais negro da história do Sporting”.
Frederico Varandas considerou que os acontecimentos na Academia, que levaram à prisão preventiva de 23 arguidos, foram motivados pela “degradação da relação entre profissionais e adeptos” que “deve ser assegurada pela direção”.
“A força do Sporting são os sócios, mas o clube não existe só com adeptos, têm que coabitar profissionais e adeptos e quem gere o clube tem que criar harmonia entre profissionais e adeptos. Assistimos nestes meses a uma degradação dessa relação, que culminou naquele dia”, referiu.
No dia 15 de maio, dezenas de alegados adeptos encapuzados invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns jogadores e elementos da equipa técnica.
A GNR deteve 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva depois de terem sido ouvidos no tribunal de instrução criminal do Barreiro.
Paralelamente, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral, a maioria dos membros do Conselho Fiscal e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
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