Luís Mergulhão, responsável em Portugal da Omnicom, um dos maiores grupos mundiais de comunicação, entende que o futuro canal em sinal aberto será uma das soluções do Benfica para a venda dos direitos de transmissão dos jogos de futebol.

«Qualquer canal que arranque com os direitos dos jogos do Benfica começa logo com um grande potencial, dos pontos de vista de notoriedade e atração de audiências», avaliou Luís Mergulhão à Agência Lusa.

Um dia depois de o Benfica ter comunicado que rejeitou uma proposta da Olivedesportos de 111 milhões de euros por cinco épocas desportivas (22,2 milhões/ano), o responsável da Omnicom Portugal acredita que as negociações se mantêm, mas também aponta a outras alternativas.

«A proposta da Olivedesportos é uma boa proposta. Quando se está numa fase mais desenvolvida ou terminal de um processo, é tudo mantido num sigilo muito grande. Não acredito que a comunicação de ontem [terça-feira] seja uma rejeição liminar do Benfica, mas apenas mais um passo no processo negocia», considerou.

Mas, para Luís Mergulhão, as alternativas não se esgotam no Canal Benfica, «que tem uma boa performance, mas limitações por ser temático».

«O Benfica pode ter uma estratégia lícita de querer gerir os seus direitos. Ou os jogos serem transmitidos no seu canal ou fazer uma venda pacote a pacote, como forma de rentabilizar mais esse ativo”, explicou o responsável da Omnicom.

Luís Mergulhão diagnostica que os «media estão fragilizados financeiramente em Portugal», embora haja «um conjunto de novos investidores interessados em entrar nesta área», pelo que, a licença para um novo canal em sinal aberto «pode mudar muita coisa».

«O futebol é um dos maiores agregadores de atração de audiências e contribui decisivamente para uma relação emocional entre espetador e canal de televisão. Talvez o Benfica também pense que valerá a pena esperar mais um pouco, num quadro de concessão de nova licença para um canal generalista», antecipou.

Luís Mergulhão insiste que «mesmo com o clima de contração da economia na Europa e recessão em Portugal, os conteúdos ligados ao desporto, e ao futebol em particular, são cada vez mais valorizados, nacional e internacionalmente».