O Sporting saiu dos Açores com uma vitória por 1-2 diante do Santa Clara. Morita na primeira parte e Nuno Santos em cima do minuto 90 fizeram os golos dos leões; de pouco valeu o golo de Tagawa para o Santa Clara na última jogada da partida.
Com esta vitória os leões somam o seu segundo triunfo fora de casa, aproximando-se cada vez mais dos lugares cimeiros.
A equipa de Alvalade dominou por completo os primeiros 45 minutos perante um Santa Clara muito compacto e de bloco recuado; a vantagem ao intervalo premiava a paciência dos leões na busca por espaços entre as linhas mais recuadas do adversário.
Na segunda parte a situação mudou totalmente com os açorianos a mostrarem-se mais agressivos e a causarem muitos problemas aos leões que hoje contaram com uma exibição inspirada de António Adán. A equipa de Alvalade só bem perto do fim é que pode respirar de alívio com o golo de Nuno Santos que garantiu uma importante vitória para os verde-e-brancos.
Leão manda e Morita marca
Rúben Amorim fez algumas alterações no onze inicial comparativamente ao jogo de Marselha. Para além de deixar António Adán na baliza, o treinador leonino fez entrar Coates e Paulinho no onze, para os lugares de Gonçalo Inácio e Francisco Trincão.
Já Mário Silva, privado de alguns jogadores importantes, foi obrigado a improvisar e a alterar o seu habitual sistema tático. Sem poder contar com o guardião Marcos, Boateng e Tassano, peças fundamentais no sector defensivo, o técnico dos açorianos desfez o sistema de três centrais e colocou o médio Anderson no eixo da defesa ao lado de Paulo Eduardo.
Os primeiros 45 minutos foram de domínio absoluto do Sporting, controlando as operações desde o apito inicial. No entanto o domínio não produzia oportunidades de perigo junto da baliza de um Santa Clara bem fechado e organizado no seu último terço.
Depois de nos primeiros vinte minutos o jogo encarrilado pelas faixas não ter resultado para os leões, a equipa de Alvalade começou a utilizar mais o corredor central, procurando Pedro Gonçalves e Marcus Edwards para tentar romper as cerradas fileiras do adversário.
Tal mudança acabou por trazer os seus frutos ainda antes da meia hora quando o Sporting chegou ao golo. À passagem dos 29 minutos, uma combinação entre Paulinho e Edwards abriu caminho para o inglês dentro da área do Santa Clara; o remate do inglês foi travado por Gabriel Batista que, todavia, foi impotente para travar a recarga de cabeça de Morita para o primeiro do jogo, um golo que o japonês não festejou por respeito à antiga equipa.
Até final da primeira parte, e apesar do golo do Sporting, a toada do jogo manteve-se com os leões a controlarem a partida sem grande esforço e sem permitir que o Santa Clara saísse em transição através da velocidade da sua frente de ataque.
Adán de vilão a guardião
Quem esperava uma segunda parte igual à primeira enganou-se por completo. A perder ao intervalo, Mário Silva resolveu colocar Tagawa para o lugar do desamparado João Lima. A mudança ia tendo efeitos praticamente imediatos quando, aos logo aos dois minutos do segundo tempo, o japonês ganhou na área leonina e serviu Bicalho para um remate que obrigou Adán a aplicar-se...estava dado o tom para os segundos 45 minutos.
Os 'Bravos Açorianos' começavam finalmente a fazer jus ao epíteto e mostravam-se agora mais agressivos e a pressionar mais à frente com maior intensidade. Perante a nova postura do Santa Clara, Rúben Amorim trocou St.Juste por Gonçalo Inácio, uma alteração que o técnico leonino afirmou ter sido de gestão do esforço físico do neerlandês.
A maior pressão dos açorianos abria mais espaço na retaguarda, algo que quase foi aproveitado por Edwards, contudo a iniciativa individual do inglês culminou com um remate dentro da área que saiu ao lado.
Foi uma das poucas jogadas de ataque construídas pelos leões no segundo tempo; com efeito era o Santa Clara que aparecia agora mais vezes junto da baliza de Adán perante um Sporting que, à medida que os minutos iam passando, mostrava cada vez mais debilidades físicas.
Os desgastados leões já não pressionavam tanto o adversário e começavam a cometer erros na saída desde a sua defesa, permitindo aos homens de Mário Silva recuperar algumas bolas em zonas mais avançadas do relvado.
Foi nessa altura que a equipa de Alvalade teve de recorrer a um herói que, tendo em conta os últimos dias, poderia ser considerado o menos provável. Contudo, e depois de uma exibição terrível diante do Marselha, o guardião António Adán foi isso mesmo...o verdadeiro guardião das redes leoninas.
Depois de uma noite para esquecer, o espanhol calou os críticos com um punhado de fantásticas defesas que negaram o empate ao Santa Clara. Aos 69 minutos Ricardinho, com um tiro do meio da rua, obrigou o guarda-redes a voar e a evitar o empate com a ponta dos dedos; quinze minutos mais tarde Adán fez a defesa da tarde após um remate de Bruno Almeida que tinha selo de golo.
O guarda-redes leonino segurou o forte numa altura em que o Sporting já não parecia conseguir construir jogo como habitualmente, recorrendo por vezes ao incaracterístico pontapé para a frente em jeito de alívio da pressão imposta pelo adversário.
Todavia, os comandados de Rúben Amorim acabariam por dissipar todas as dúvidas quanto ao vencedor quando, em cima do minuto 90, Nuno Santos rematou de primeira após um mau alívio da defesa do Santa Clara e carimbou a vitória dos leões em cima da hora, deitando por terra todos os esforços do Santa Clara em pontuar.
Com dois golos de vantagem e cinco minutos de compensação, o Sporting como que achou que a partida já tinha de facto terminado. Aproveitou o Santa Clara para, no último minuto, ainda ir a tempo de reduzir a desvantagem graças a um golo de Tagawa; o japonês fugiu à defesa verde-e-branca e, na cara de Adán, fez o merecido golo dos açorianos.
Esta é a segunda vitória do Sporting fora de Alvalade, e que permite aos leões aproximarem-se dos lugares cimeiros da tabela. Já o Santa Clara continua em zona delicada na classificação, com os mesmos cinco pontos trazidos da ronda anterior.
O momento do jogo
Ao entrar nos último minutos da partida, havia ainda incerteza relativamente ao resultado final. Perante a pressão imposta pelo Santa Clara, foi Adán quem assumiu o papel de herói; aos 83 minutos, guarda-redes do Sporting negou aos açorianos um golo que parecia certo ao travar o remate de Bruno Almeida já dentro da área
O melhor
Se em Marselha foi o vilão, em S.Miguel foi a salvação. António Adán foi a principal figura da partida, segurando a magra vantagem do Sporting numa altura em que o Santa Clara acercava-se com perigo da grande área leonina. Um conjunto de excelentes defesas ao longo da segunda parte foram absolutamente cruciais para garantir os três pontos à equipa de Alvalade. Depois de dias de duras críticas após a partida de Marselha, o espanhol respondeu como um profissional, mostrando-se a altíssimo nível e provando toda a sua qualidade.
O pior
O Sporting ressente-se sempre que Pedro Gonçalves não aparece em jogo, e hoje foi um desses casos. O avançado leonino nunca conseguiu criar os desequilíbrios entre linhas habituais, mostrando-se um pouco alheado do desenrolar da partida e incapaz de criar combinações com os colegas de ataque ou surgir em zonas de finalização.
O que disseram os treinadores
Mário Silva: "Dei-lhes os parabéns numa derrota, que normalmente não o faço"
Rúben Amorim: "Pela primeira vez não jogámos bem e ganhámos"
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