O balanço do primeiro ano de mandato de Bruno de Carvalho na presidência do Sporting excedeu as expectativas mais otimistas, quer financeiramente quer desportivamente, depois de o clube ter vivido a pior época da sua história.
O peso da “herança” que recebeu, o contexto económico adverso e as dúvidas e desconfianças que a sua figura suscitava entre um setor alargado da massa associativa tornavam, à partida, a sua tarefa muito difícil.
A primeira vitória de Bruno de Carvalho foi a concretização, em curto espaço de tempo, da reestruturação financeira, há muito prometida pela gerência de Godinho Lopes, mas que nunca chegou a conhecer a luz do dia.
O próprio presidente do Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi, que integrou o Conselho Fiscal na gerência de Godinho Lopes, elogiou a reestruturação financeira levada a cabo por Bruno de Carvalho, após duras negociações com o BES e o Banco Comercial Português (BCP), e o trabalho desenvolvido para a diminuição de custos a nível da estrutura administrativa e do futebol.
Antes desse acordo, todavia, Bruno de Carvalho entrou em rota de colisão com a Banca, dias após a sua eleição e jogou uma cartada de alto risco, ao convocar uma conferência de imprensa na qual ameaçou entregar a chaves do clube perante a irredutibilidade dos credores do clube em negociar um financiamento de um empréstimo, crucial para evitar a asfixia financeira da SAD.
Outro momento marcante do primeiro ano de mandato do presidente "leonino" foi o caso Bruma, um longo “braço-de-ferro” que manteve com os representantes do jogador, do qual acabou, também, por sair vitorioso com a decisão favorável da Comissão Arbitral Paritária, que considerou improcedente o processo interposto pelo jovem extremo para que o contrato fosse considerado nulo.
Esta vitória valeu ao Sporting um encaixe financeiro de 10 milhões de euros, a que podem acrescer mais três, ao qual se juntou a venda do passe do defesa central Ilori, outro jogador em conflito com o clube, ao Liverpool por 7,5 milhões, o que representou uma mais-valia de 17,5 milhões.
Tal encaixe inesperado, de resto, foi determinante para que o Sporting tivesse apresentado um lucro de 7,2 milhões de euros no primeiro trimestre da época 2013/14, que contrastou com o prejuízo de 7,7 milhões registado no período homólogo de 2012/13.
No plano desportivo, o Sporting, com metade do orçamento da época anterior e um investimento substancialmente inferior aos dos rivais Benfica e FC Porto, surge a sete jornadas do final do campeonato ainda em condições de discutir o título, a sete pontos do Benfica, que lidera, e com cinco pontos de avanço sobre o FC Porto.
Para tal proeza, que se segue à pior época desportiva da sua história, foram determinantes as contratações do treinador Leonardo Jardim e de alguns jogadores de qualidade como Montero, Slimani, Maurício e Jefferson, por valores muito acessíveis, e a afirmação de jovens valores da formação como William Carvalho, Carlos Mané, Adrien, Cédric e André Martins.
A fase final do primeiro ano de mandato de Bruno de Carvalho fica marcada pelas propostas de alterações legislativas que fez para reformular o futebol português e pela denúncia dos prejuízos de que o clube se diz vítima, decorrentes de alegados erros de arbitragem e que, de acordo com o entendimento do presidente "leonino", lesaram o Sporting em sete pontos no campeonato.
É neste contexto que o Sporting avançou com uma iniciativa inédita, ao instruir os seus serviços jurídicos para procederem litigiosamente contra todos os responsáveis pelas arbitragens que conduziram na época passada a que o Sporting ficasse fora das competições europeias e as que lesaram o clube na presente nos já citados sete pontos.
De destacar entre as propostas que avançou, o aumento da proteção dos clubes formadores, a maior profissionalização e transparência nos processo de nomeação e classificação dos árbitros e a regulamentação das apostas online como fonte de receitas desportivas.
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