O treinador do Sporting de Braga defendeu hoje que os clubes deviam apresentar uma mais valia bancária antes da Liga de futebol começar para impedir que casos como o da União de Leiria se repetissem.
Instado pela agência Lusa sobre o caso da equipa leiriense, que chegou a jogar de início com apenas oito jogadores, porque a maior parte do plantel tinha rescindido devido a salários em atraso, Leonardo Jardim voltou a lembrar que os regulamentos permitem que tal aconteça.
No entanto, notou: «Uma estrutura profissional como a Liga portuguesa tem que ter cuidados em termos de organização e verificar a capacidade financeira dos clubes, não podem haver clubes que ao terceiro mês já estejam a dever».
O técnico defendeu que os clubes devem «ter consciência até onde podem ir e o que podem investir» e que «têm que haver mudanças em relação a isso».
«Existem algumas ligas no mundo em que, para participarem, os clubes têm que apresentar mais valias em termos bancários para garantirem os seus compromissos. Devíamos avançar para uma coisa do género, porque acho de mau tom, e não valoriza nada o futebol português, haver clubes com salários em atraso e com tantas dificuldades. Era mais fácil ter a situação controlada no início do que estar a controlar ao longo da época», defendeu.
O treinador disse ainda que o Sporting de Braga, terceiro classificado em 2011/12, não vai assumir uma candidatura ao título na próxima temporada porque não tem «condições semelhantes a outros opositores», concretamente financeiras.
«Para se imiscuir nessa luta, o Braga tem que trabalhar muito melhor do que os adversários diretos», disse, defendendo que o clube pode e deve almejar sempre mais «de forma a que as competências dos jogadores e os resultados evoluam», assegurando também «o máximo de rentabilidade da estrutura».
Para Jardim, a média classificativa dos últimos anos coloca o Sporting de Braga entre os quatro primeiros classificados e «a estabilidade que já atingiu dificilmente permitirá que desça desse patamar».
O treinador disse ainda que, apesar de gostar de treinar em Portugal, tem o desejo de ter experiências em campeonatos de outros países - que não os mais óbvios nem mediáticos.
«Até ao final da minha carreira, gostava de experimentar três mercados: o nipónico, o árabe e eventualmente a Europa e aí a Inglaterra seduz-me bastante», disse.
Leonardo Jardim, de 37 anos, não prevê o fim da sua carreira para breve, mas disse que só continuará a treinar enquanto isso lhe der «prazer», garantindo que nunca colocará as condições financeiras acima desse fator.
«Depois quero viver a minha vida porque ser treinador de futebol é muito saturante e limitativo da vida privada e um dia gostaria de viver como um cidadão normal», disse.
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