O brasileiro Lionn, que atualmente representa o Chaves, terá acusado César Boaventura de o ter tentado aliciar antes do encontro entre Benfica e Rio Ave da temporada 2015/16.
De acordo com vários meios de informação nacionais, a acusação do jogador de 30 anos, agora ao serviço do Desportivo de Chaves, foi feita no Tribunal de Esposende, num depoimento prestado no âmbito da queixa apresentada por Cássio precisamente contra César Boaventura, depois de o empresário ter sugerido que o então guarda-redes do Rio Ave teria facilitado num jogo contra o FC Porto, que terminou com 0-5 para os portistas
"Ele tentou-me comprar para o jogo com o Benfica, só que nesse dia não joguei, estava lesionado", terá confessado Lionn, em tribunal. "Está a dizer que o senhor César Boaventura o tentou comprar para o jogo com o Benfica?", questionou o advogado."Sim, a mim e ao Cássio. E ao Marcelo também", terá dito o jogador em tribunal. De recordar que Lionn não jogou essa partida da época 2015/2016 por estar lesionado.
Lionn é testemunha num processo em que a Polícia Judiciária investiga o alegado envolvimento de jogadores do Rio Ave num esquema de apostas. O lateral esteve no Tribunal a defender Cássio num processo que o guarda-redes se queixava de ter sido implicitamente acusado por Boaventura de ter beneficiado o FC Porto.
Confrontado pela 'Tribuna Expresso' com estas declarações, César Boaventura negou as acusações, e garantiu que vai mover um processo em tribunal contra Lionn.
"Vou mover um processo contra esse jogador, porque isto é totalmente falso. Ele vai ter de provar em tribunal o que disse", garante Boaventura, salientando que tudo isto não passa de um esquema "montado por alguns jogadores com algumas pessoas do FC Porto e com o Bruno Carvalho [ex-presidente do Sporting]. Esses jogadores acabaram por ser contratados por clubes com ligações a FC Porto e Sporting."
Diz o jornal Record que o suposto aliciamento tinha sido comunicado pelos jogadores do Rio Ave ainda antes da partida. O próprio diretor de comunicação dos vila-condenses, Marco Aurélio Carvalho, testemunhou em tribunal que os três ficaram "incomodados" com essa situação, escreve o jornal.
O que pode acontecer?
Ora, se vier a confirmar, estamos perante um crime de corrupção desportiva ativa, com consequências tanto na justiça desportiva como na cível.
Diz o Record que, no caso da justiça desportiva, se houver envolvimento de um clube, o regulamento disciplinar da Liga prevê, no seu artigo 63.º que a corrupção na forma tentada seja punida com a "subtração de três pontos na prova em curso na época desportiva correspondente à data em que a decisão condenatória se tornar definitiva".
Mas, para isso, será preciso provar que César Boaventura tenha agido a mando ou com conhecimento do Benfica (algo que Lionn não afirmou em Tribunal). Além da perda de pontos, o arguido podia pagar uma multa entre os 12.750 e os 51.000 euros.
Na justiça cível, aplicar-se-ia a lei de 2007, que é mais favorável ao arguido. A pena para corrupção ativa chega a um máximo de três anos de prisão, com possível multa.
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