Inseridos numa carreira de curta duração, os futebolistas das principais ligas nacionais, masculinas e femininas, deixam de lado a educação e 33,3% não concluem o ensino básico, sendo que só 8,2% seguem para o ensino superior.

Os dados são de um estudo que vai ser apresentado esta terça-feira em Bragança, a que o Jornal de Notícias teve acesso, e que abrange jogadores e jogadoras dos principais campeonatos portugueses de futebol que respondem sobre rendimentos, hábitos de poupança e habilitações literárias.

O inquérito abrangeu 424 os jogadores da Liga, Liga Pro, Campeonato de Portugal e Campeonato de Futebol Feminino e permite perceber que existem hábitos de poupança e gestão dos rendimentos que são mais aprofundados do que na média da população portuguesa.

92,2% dos inquiridos dizem que têm hábitos de poupança, com 81,4% a reservarem os rendimentos regularmente. Segundo os dados, 40,8% poupam mensalmente mais de 30% do que ganham.

O inquérito abrangeu também os níveis de salários. Perto de 30% afirmam receber acima de 2.500 euros líquidos por mês, enquanto 26,4% recebem entre 1.000 e 2.500 euros e 13,9% recebem valores entre os 500 e 1.000 euros. Só 3,1% dos que declararam os valores ganham menos de 500 euros mas há ainda 1,7% dos futebolistas inquiridos que dizem que não recebem nada.

Diferenças de rendimento significativas entre os vários escalões

Ao nível dos rendimentos existem diferenças relevantes entre os vários escalões onde jogam. Na Liga são 55,3% que recebem mais de 2.500 euros, mas na Liga Pro e no Campeonato de Portugal essa percentagem desce para 24,5 e 2.3%, respetivamente. Nestes dois escalões a maioria dos jogadores (30,9 e 34,9%) recebem entre 1.000 e 2.500 euros, mas aumenta também a percentagem dos que declaram receber menos de mil euros.

O fosso em relação ao Futebol Feminino é também evidente. Só 6,4% das jogadoras recebem mais de 2.500 euros, sendo que a maioria (31,9%) recebem entre 1.000 e 2.500 euros.

Para além dos hábitos de poupança, o estudo indica ainda quais são os planos de financiamento da reforma dos inquiridos. A maioria dos inquiridos (41,4%) poupam a pensar na reforma, e 37,7% tem mesmo um plano de poupança. 34% fazem descontos para a Segurança Social e 23,1% consideram que a sua reforma será paga por rendimentos gerados por ativos financeiros ou negócios que possuem.

E quem faz a gestão dos rendimentos? 79% dos inquiridos garantiram serem os únicos responsáveis pela gestão e administração do património, sendo que 7,3% contam com a ajuda de familiares e 5% com o agente, contabilista ou gestor.