O Sp. Braga vai fortalecer a sua competitividade face aos três ‘grandes’ em 2023/24 para ‘sonhar’ com uma inédita conquista da I Liga, acredita o treinador Manuel Machado, que comandou os minhotos em 2007/08.
“O clube tem vindo a evoluir de uma forma muito clara ao longo do século, quer do ponto de vista estrutural e logístico, quer em termos desportivos. Essa gestão muito inteligente reflete-se, época após época, em plantéis de maior qualidade, bem mais estruturados e competitivos. Sei que existiu agora um acréscimo geral e também abona que o treinador [Artur Jorge] continue a ser o mesmo. Quando há continuidade, há maior conhecimento e capacidade para ser dada uma resposta melhor”, reconheceu à agência Lusa o técnico.
Artur Jorge manifestou a candidatura à luta pelo título na pré-temporada, após o Sporting de Braga ter fechado o pódio da I Liga em 2022/23, com novos recordes de pontuação, vitórias e golos, acedendo à terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, que começou a disputar na terça-feira com os sérvios do Backa Topola.
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Manuel Machado, de 67 anos, considera que “seria muito bom” para o futebol português haver uma quebra da hegemonia dos três ‘grandes’, que venceram 87 das 89 edições da prova, numa tendência interrompida apenas por Belenenses (1945/46) e Boavista (2000/01).
“Não vai ser preciso chamar o bruxo de Fafe para se adivinhar que o posicionamento dos quatro primeiros será o mesmo. Poderá haver nuances no escalonamento de cada um. O título tem vindo a flutuar entre Benfica e FC Porto, com aquela intromissão do Sporting ao fim de quase 20 anos [em 2020/21]. Este quadro mereceria uma boa reflexão, no sentido de se encontrar um modelo competitivo alterado, que trouxesse algo a mais. Ao continuar assim, a I Liga torna-se tão previsível que chega a tanger para o enfadonho”, descreveu.
O top 4 reúne os mesmos clubes há seis edições seguidas e teve em 2022/23 um ‘fosso’ de 20 pontos face à quinta posição, ocupada pelo Arouca, e de 28 para o Desportivo de Chaves, sétimo classificado e primeiro abaixo da zona de acesso às provas continentais.
“A decalagem é já substancial e não é previsível que existam alterações de fundo. Há um nivelamento por baixo e transversal, mesmo ao nível dos comandos técnicos. Os nossos treinadores mais credenciados não estão em Portugal, definitivamente. Vemos uma nova geração, que substitui a anterior. É um processo natural e cíclico e, por isso, nada contra, mas há gente que surge tipo cogumelo: nasce de noite e, no dia seguinte, é treinador. De certa maneira, é algo que também influencia o nível competitivo das equipas”, observou.
Manuel Machado, que orientou Vitória de Guimarães, Moreirense, Nacional, Académica, Sporting de Braga e Arouca na I Liga, num total de quase 450 jogos, deteta potencial na centralização dos direitos televisivos, que terá de ficar concluída até 2028/29, mas alerta que “irá adiantar pouco” se for aplicada uma distribuição de receitas “muito igual” à atual.
“Não temos capacidade para reter os nossos melhores quadros. Os atletas jovens saem precocemente e aqueles que vêm de mercados alternativos, sobretudo os da América do Sul, fazem aqui uma ponte durante uma ou duas épocas, no máximo, para rapidamente rumarem a ligas mais apelativas. Havendo a necessidade de os vender, perdemos essa qualidade, que tornaria o nosso campeonato mais interessante e competitivo”, concluiu.
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