O empresário Marco Galinha afastou hoje uma candidatura à presidência do Benfica nas eleições de outubro, naquela que considera uma das maiores missões “nos últimos 100 anos”, criticando quem coloca a emoção à frente da razão.

“O Grupo Bel atingiu uma dimensão na qual não senti conforto por parte da família e do projeto em si. Havia um grande risco de causar um dano enorme num projeto que tem mais de três mil pessoas a trabalhar e mais de 80 empresas. Era ingrato e injusto ao nível da exposição que isto ia dar. O futebol tem um defeito enorme, que é pôr a emoção à frente da razão, e isso preocupa-me. Não pretendo agarrar uma missão que, se calhar, será a mais difícil do clube nos últimos 100 anos”, explicou.

À margem de um evento que liga o mundo empresarial ao desporto, numa unidade hoteleira de Cascais, o presidente do Grupo Bel apontou os motivos que o levaram a desistir da candidatura, embora entenda ser necessário “sangue novo” no clube.

“Rui Costa foi um ótimo futebolista, dos melhores de sempre, mas alguém deveria ter-lhe dito que ele não é gestor”, opinou, acrescentando: “Acho que o tempo dele já acabou. O Benfica necessita de sangue novo, alguém com amor ao clube e com provas dadas. Para se ser presidente do Benfica, não é preciso conhecer tudo do Benfica ao pormenor, só necessita de conhecer uma coisa: seriedade. O futebol é das melhores indústrias portuguesas, tem de ser gerido como um produto assim”.

No entanto, Marco Galinha ressalvou que ainda não encontrou nenhum candidato que tenha o perfil indicado para liderar os ‘encarnados’, deixando críticas a João Noronha Lopes, que voltará a se recandidatar, após as eleições perdidas de 2020.

“Se sentisse que há alguém competente e com provas dadas empresarialmente, eu estava disponível [para integrar uma lista]. Tentei falar duas vezes com o Noronha Lopes, mas deve ser uma pessoa muito importante e nunca quis falar comigo. Foi incorreto e, como empresário, não lhe reconheço mérito. As empresas dele nunca deram lucro e o Benfica não precisa disso, precisa de alguém competente”, frisou.

Sobre a final da Taça de Portugal e o comunicado posterior do Benfica, alusivo ao lance que envolveu o avançado italiano Belotti, das ‘águias’, e os defesas Matheus Reis e Maxi Araújo, do Sporting, o empresário considerou isso um “ato criminoso”.

“O que aconteceu é um ato criminoso. É uma agressão e penso que o presidente tem de defender mais os jogadores. Não pode haver injustiças constantes e tem de ser crítico”, realçou, acrescentando: “O Benfica devia ter atuado muito antes”.

Além de Rui Costa, Marco Galinha defendeu ainda a saída do treinador Bruno Lage, levantando os nomes de Ruben Amorim ou Sérgio Conceição na sucessão.

“O Bruno Lage é uma pessoa que lhe reconheço alguma fibra, pessoa competente e trabalhadora, mas o lugar dele não é no Benfica. Já devia ter saído e acho que já não é solução. Não tenho nada contra ele, mas já está fora de tempo”, sentenciou.

O Benfica concluiu a temporada no segundo lugar da I Liga portuguesa de futebol, a dois pontos do bicampeão Sporting, tendo perdido igualmente a final da Taça de Portugal perante o rival lisboeta, num duelo polémico que os 'leões' venceram 3-1 após prolongamento.