Um estudo do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho mostra que, em Portugal, os maiores índices de ódio no Facebook dizem respeito a discussões relacionadas com o futebol. Seguem-se as notícias ligadas a crimes ou agressões.

O estudo, levado a cabo por Pedro Rodrigues Costa, investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), analisou a presença do ódio nas ideias, opiniões ou dilemas presentes nos comentários das publicações das notícias mais partilhadas, mais comentadas e com mais gostos no Facebook nos anos de 2017, 2018 e 2019 e revela que nas notícias mais partilhadas, comentadas e com mais gostos, cerca de um terço apresentam associação ao ódio, sendo as publicações mais comentadas as que estabelecem uma maior relação.

"Nas publicações mais comentadas ou partilhadas, é comum existir imitação de insultos e de expressões que revelam agressividade. Chamar alguém de "corrupto" ou de "mamão" tornou-se habitual e entrou na corrente de imitações, levando a uma naturalização social de discursos que apelam ao ódio contra determinados grupos sociais. Este tom agressivo tem vindo a aumentar nas redes sociais digitais", explica o responsável pela investigação.

Relativamente às palavras mais utilizadas, destacam-se "vergonha" e "país" (que surgem frequentemente juntas, com a expressão "vergonha de país"). Corruptos e "volta" associado a "para a tua terra" são outros dos insultos mais comuns.

A análise à distribuição destes insultos por tema revela então que o futebol é o assunto com maior relação de insultos por comentário, seguido da política e de questões ligadas a agressores/criminosos.

O 'destilar de ódio' nas redes sociais para com futebolistas tem estado na ordem do dias nos últimos tempos. Esta quinta-feira, por exemplo, o futebolista Nuno Santos, do Rio Ave, viu o seu Instagram invadido com insultos depois de ter sido expulso na partida frente ao Benfica. Fábio Martins, jogador do Famalicão, saiu em sua defesa afirmando que "a maior doença em Portugal não é a Covid-19, é a 'clubite' aguda".