Godinho Lopes reconhece que a situação financeira do Sporting não é fácil. Contudo, o candidato à presidência do Sporting mostra-se confiante perante o desafio de um passivo que ronda os 292 milhões de euros. O candidato à presidência do Sporting assegura ter 100 milhões de euros para reorganizar o clube e promete uma maior independência em relação à banca. Leia aqui a segunda parte da entrevista ao SAPO Desporto. 

- São mesmo necessários 100 milhões de euros para preparar o futuro próximo do Sporting?
Os 100 milhões garantem que começamos com as contas arrumadas e simultaneamente com 40 milhões para preparar o futebol. Isto deixa o Sporting independente e não à espera de fundos nem de dinheiros de terceiros para poder arrancar. O arranque do Sporting tem de ser imediato. Não se pode perder tempo com constituições de fundos que se arrastam sempre no tempo. Não sou o candidato da banca, apenas procurei estar com tranquilidade na próxima época, na medida que tenho as condições necessárias para avançar. 

- Qual é a origem dos 100 milhões?
É evidente que me reuni com a banca, com outras instituições financeiras, com empresários, vi os fundos existentes… Procurei conhecer primeiro a situação financeira e ver quais as condições extra-clube para poder resolver o presente e preparar o futuro. Nunca existirá promiscuidade entre o Sporting e os seus credores. 

- Haverá uma maior independência do discurso financeiro que marcou o clube nos últimos anos?
Com a independência que pugnamos, comigo jamais venderíamos Moutinho ao FC Porto (ou qualquer outro jogador) a um clube nacional que não batesse a cláusula de rescisão. Independência significa também não vender Liedson à pressa. Significa fazer a sua gestão desportiva independente da banca. 

- Falou de projectos «nebulosos» de outros candidatos… Não teme que os sportinguistas pensem o mesmo se não conhecerem o seu projecto?
A minha preocupação não foi atacar ninguém, foi dizer que o Sporting não resiste a espíritos de aventura neste momento. Quando se conhecem os números temos de ser realistas. Já se foi buscar dinheiro à época seguinte e isso não pode acontecer. Quando olham para o meu passado e vêem a minha relação de competência e credibilidade com a banca e outras instituições, esta garantia permite-me dizer que tenho uma base sustentada.

- Admite constituir um fundo no futuro próximo?
Com certeza. Mas o Sporting tem um fundo ainda em stand-by na CMVM. Primeiro tem de haver um discurso vencedor, a equipa tem de mostrar que é vencedora, para depois o fundo ser constituído. O resto é tudo muito vago. 

- Como é que vai fazer face a um passivo de 292 milhões de euros no final da época?
O passivo resolve-se com acções enquadradas com base numa equipa de futebol. Se a equipa for vencedora consigo trazer adeptos ao estádio e reconquistar a alma triste e humilhada…

- É o futebol que vai alavancar essa reestruturação?
Neste momento tem de ser. Temos de pôr um treinador ganhador e com alma, mas não chega o treinador. Tem de estar enquadrado numa equipa e aí falei com Luís Duque e Carlos Freitas. 

- Sporting tem ou não o dinheiro para pagar salários até final da época?
O Sporting tem o dinheiro. A minha mensagem é já a pensar no dia 27 de Março. Não vou falar de terceiros, já alertei o que tinha a alertar. Reuni uma equipa competente a pensar já no dia 27 de Março. Não só eu, como Luís Duque, Carlos Freitas, Rogério Alves, Carlos Barbosa, Paulo Pereira Cristóvão, Aureliano Neves, etc, mais seis jovens colocados em torno desta candidatura que representam que esta não é uma candidatura de continuidade. Em 11 elementos, nove nunca estiveram no Sporting. Estar a falar em continuidade não faz sentido nenhum.