Petit é um nome bem conhecido no futebol português e nem os anos passados a comandar o Boavista nos escalões inferiores lhe retiraram o mediatismo. Com o tão ansiado retorno à Primeira Liga, o antigo jogador da seleção portuguesa terá o grande teste da sua carreira como treinador.

Em entrevista ao SAPO Desporto depois do jogo de apresentação aos sócios, Petit abordou as esperanças dos "axadrezados" para a nova época, a construção de um plantel renovado e a forte ligação emocional ao clube do Bessa.

SAPO Desporto: O Boavista regressa à Primeira Liga depois de seis anos em divisões inferiores. A equipa vai competir em pé de igualdade com os outros clubes?

Petit: É claro que vai competir, estamos na Primeira Liga, sabemos aquilo que queremos. Sabemos das dificuldades que vamos apanhar, mas temos um grupo motivado, que quer aparecer, que quer mostrar que tem valor para se afirmar na Primeira Liga. Estamos todos ansiosos para que comece o campeonato.

SD: Apontou a permanência como objetivo principal. Pelo que tem visto nos treinos e nos jogos, isso será possível?

P: Acredito que sim. Temos melhorado, estamos há quatro semanas a trabalhar juntos. Temos vários jogadores de várias nacionalidades, que têm chegado agora, aos quais temos passado a mensagem do que é o Boavista, do que é a mística do Boavista e do que é o futebol português. De dia para dia, eles estão-se a conhecer melhor, estão a trabalhar melhor, e estamos esperançados em fazer um bom campeonato e um bom futuro para estes jogadores também.

SD: Vai ter umas primeiras jornadas de fogo, com uma ida a Braga, uma receção ao Benfica e pouco depois uma ida ao Dragão. Como vai abordar essas partidas? Será possível pontuar?

P: Eu acho que é uma motivação extra. Temos de jogar com todas as equipas e para os meus jogadores é uma motivação. Para os jogadores, para a equipa técnica, para todos nós. Tínhamos de os defrontar em qualquer jornada. Sabemos que temos um início de campeonato difícil, mas vamos estar preparados, motivados e ansiosos.

SD: Houve muitas entradas no plantel. Como está a correr o entrosamento entre os jogadores?
P: É claro que não se pode fazer uma equipa em quatro semanas. Temos de dar tempo, mas também não vamos ter muito tempo para preparar essa equipa como queríamos. São muitos jogadores novos, de várias nacionalidades, mas acredito que a equipa vai estar preparada.

SD: Fez toda a sua carreira como treinador no Boavista. É amor ao clube?
P: Sim, é um clube que me diz muito. Formei-me aqui como jogador, como homem. Cheguei aqui com 9 anos, saí com 26 e deixei aqui muitas amizades. Deixei pessoas com que conquistei muitas alegrias aqui e sinto que é o clube do meu coração.

SD: O Petit fez parte da equipa que venceu o campeonato em 2001. Algum dia será possível repetir um feito histórico desse género?
P: Nós queremos fazer parte de uma história. O Boavista passou por seis anos nas divisões inferiores e nós, tanto jogadores como equipa técnica e a própria estrutura, queremos fazer história. Sabemos que preparar as coisas leva o seu tempo, mas acredito que o Boavista vem para ficar, para se tornar forte e, quem sabe, um dia voltar a ser o que era.

SD: Nestes seis anos, o que é que acha que mudou no primeiro escalão do futebol português?
P: Há treinadores mais jovens, com outras mentalidades. É um campeonato mais competitivo, com muita qualidade, mas eu também me quero afirmar na Primeira Liga. Quero ajudar o Boavista, tal como o Boavista me está a ajudar. É uma comunhão muito boa entre mim e o clube.

SD: Há alguma equipa que aponte como favorita ao título?

P: É sempre subjetivo estar a analisar as pré-temporadas. Acredito que cada treinador tem as suas filosofias em termos de pré-época, mas acho que os três candidatos são sempre o FC Porto, o Sporting e o Benfica.