O treinador do Tondela, Luís Pinto, disse em entrevista à agência Lusa que a subida à I Liga de futebol foi possível, porque a equipa soube lidar com três “momentos importantíssimos” na época.

“Nós tivemos três momentos da época que eu considero que foram importantíssimos na forma como nós nos agarramos ou na forma como nós sempre respondemos às adversidades”, assumiu Luís Pinto que levou o Tondela ao título da II Liga e, consequente, à subida ao escalão superior do futebol.

Em entrevista à agência Lusa, Luís Pinto recordou as primeiras quatro jornadas, todas com empates e depois, a meio da época, quando estiveram cinco jogos seguidos sem vencer, sofrendo a primeira derrota e quatro empates.

“Acredito que esses dois momentos, início da época e janeiro, foram fundamentais para nós conseguirmos a subida de divisão. […] Com a Alverca foi algo que foi mesmo carregado. E eu acredito que se nós não tivéssemos essas vivências anteriores, se calhar não tínhamos reagido da forma que reagimos”, admitiu.

Depois veio a derrota na receção ao Alverca, na penúltima jornada, que deixou as duas formações com um ponto de diferença nos lugares cimeiros. A equipa deu uma resposta “bastante competente, bastante consistente” em casa da União de Leiria, “um “adversário difícil”, mas que culminou com a subida e o título da II Liga.

“Não me lembrava de ver tanta alegria junta como na sexta-feira à noite [dia da última jornada]. Senti mesmo que foi uma mistura de alívio, com satisfação e alegria”, lembrou.

No decorrer da época, o treinador desafiou atletas a saírem da sua zona de conforto, a jogarem em posições em que “nunca tinham jogado”, uma forma de, no seu entender, garantir “sempre evolução” do jogo e da forma de jogar.

No último ‘mercado de inverno’ não entraram atletas no Tondela e o facto de ter “o plantel pequeno também é bom”, já que Luís Pinto se viu obrigado a “potenciar a evolução do jogador” que sente ”confiança e entusiasmo” por ter de “estar a aprender”.

Treinar o Tondela, com “o segundo valor de mercado mais baixo da II Liga”, permitiu uma “estabilidade muito importante” com o clube a ganhar ”fama de ser bom pagador” e de ser acolhedor.

“Essas questões todas acabam por ter alguma importância ainda na fase do recrutamento, porque fomos buscar jogadores que desceram de divisão e que estavam em clubes que tinham dificuldades financeiras. Uma das coisas que mais queriam era alguma estabilidade”, afirmou.

O desafio era “ter a capacidade de escolher jogadores que se pudessem tornar vencedores”, já que “não havia a capacidade de ir buscar vencedores natos”. “Esse foi um dos grandes desafios que nós tivemos, que foi basicamente o motivo da escolha do presidente por mim e pela minha equipa técnica”, reconheceu.

“O presidente não foi buscar nenhum vencedor, o presidente foi buscar alguém que ambiciona ser vencedor e que no sítio certo, com as pessoas certas, podia vir a acontecer. Para os jogadores acabou por ser um bocadinho a mesma coisa”, disse.

Sobre os estímulos exteriores, admitiu que a música “O Homem do Leme”, dos Xutos e Pontapés que a claque ‘Febre Amarela’ lhe começou a dedicar, acabou por “ter algum impacto mesmo que, algumas vezes, de forma inconsciente”. “A letra é muito forte”.

Depois da derrota com o Alverca, a uma semana do final do campeonato, Luís Pinto, a caminho de Tondela, pensou que seria a altura que os adeptos iriam ver se seria ou não ‘o homem do leme’. “E eu acredito que a música teve algum peso naquilo que foi... pelo menos no manter-me firme mais depressa”, adiantou.