Durante a quarta sessão do julgamento, que decorre no âmbito do processo Apito Dourado, o ex-conselheiro do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) foi denunciado por quatro das 10 testemunhas que foram hoje ouvidas no Campus da Justiça.

António Paulino testemunhou presencialmente na 2.ª Vara Criminal de Lisboa para dizer que Azevedo Duarte lhe telefonou "três ou quatro vezes depois dos jogos", pedindo-lhe para "dar uma ajuda" a alguns árbitros.

"Fiquei estupefacto, mas nunca alterei qualquer classificação. [No último telefonema] disse-lhe que isso era falsear a verdade e que não estava disposto a ir nesse andamento. Nunca mais me telefonou", explicou António Paulino, observador entre 2000 e 2005.

António Soares, que testemunhou por videoconferência, em Bragança, disse que Azevedo Duarte lhe pediu para "não dar uma nota muito alta ao árbitro" António Resende, que dirigiu um jogo da Taça de Portugal entre o Pedrouços e o Oliveira do Douro.

Também em Bragança, com recurso a videoconferência, Delfim Carvalho Azevedo revelou que o ex-conselheiro do CA federativo lhe telefonou para que "valorizasse a nota" a atribuir a um dos árbitros que tinha observado.

Jerónimo Oliveira não foi tão assertivo, alegando não se "recordar bem" do teor dos contactos de Azevedo Duarte e Francisco Fernandes disse, por videoconferência, em Braga, que o antigo dirigente da FPF lhe tinha pedido apenas para "não prejudicar o rapaz", em referência ao árbitro do Ribeirão-Pedrouços.

Os 16 arguidos estão acusados de terem praticado crimes de falsificação de documentos para a promoção e despromoção de categoria de árbitros, depois das provas periciais do Ministério Público.

Pinto de Sousa, presidente do CA da FPF entre 1983 e 1989 e entre 1998 e 2004, é um dos arguidos, indiciado da prática de 144 crimes, 115 de falsificação de documentos e 29 de falsificação de documentos na forma tentada.

Este processo foi originado pela certidão número 51 extraída do Apito Dourado, um processo judicial sobre corrupção na arbitragem e no futebol profissional e outros crimes associados, numa investigação da equipa da procuradora adjunta Maria José Morgado.

A próxima audiência realiza-se na próxima quarta feira, 10 de Março, na 2.ª Vara Criminal de Lisboa.