Das 18 equipas que vão iniciar a temporada 2022/23 da Liga Portuguesa, apenas cinco apresentam novidades no que à liderança técnica diz respeito. Benfica, SC Braga, Gil Vicente, Vitória de Guimarães e Estoril, uns de forma mais surpreendente do que outros, apresentaram novos treinadores para uma época onde se mantém a tendência, não só da continuidade, mas também da opção por técnicos nacionais.

Galeria: Os 18 treinadores da I Liga 2022/23

Comecemos pelo Benfica. Depois de muita especulação, o nome do alemão Roger Schmidt foi anunciado em maio para liderar a equipa técnica até então comandada por Nélson Veríssimo, que havia sucedido a Jorge Jesus a meio da última temporada. Os encarnados voltavam, assim, a apostar num treinador estrangeiro 13 anos depois do espanhol Quique Flores, acabando com mais de uma década de um registo de técnicos só portugueses.

Roger Schmidt chega à Luz para dar novo fulgor a um Benfica incapaz de traduzir o forte investimento no plantel em títulos. Para já, os encarnados têm mostrado bons indicadores sob a batuta do alemão, que conta na sua equipa técnica com Javi García, antigo jogador das 'águias', com a equipa a fazer o pleno de triunfos nesta pré-época. O primeiro grande teste, contudo, está reservado para as pré-eliminatórias da Champions.

No SC Braga, Artur Jorge foi o escolhido para suceder a Carlos Carvalhal, que deixou a Liga portuguesa para orientar o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos. O técnico, de 50 anos, cumpre o sonho de liderar a equipa principal do clube do coração (estava nos sub-23), depois de a ter assumido interinamente, na parte final da época 2019/20, após a saída de Custódio Castro. Por enquanto, os resultados dos minhotos oferecem razões para muito otimismo, com um saldo totalmente vitorioso na pré-temporada.

Depois de uma época assinalável no principal escalão, que valeu um inédito apuramento para as competições europeias (Conference League), Ricardo Soares optou por deixar o Gil Vicente rumo aos egípcios do Al-Ahly. Foi, de resto, o primeiro treinador a permitir um encaixe financeiro ao clube gilista pelo pagamento da cláusula de rescisão. Para o seu lugar chegou Ivo Vieira, que estava sem clube depois de sair do Famalicão a meio da última época.

Ainda antes de se desvincular do Benfica, Nélson Veríssimo chegou a manifestar o desejo de prosseguir a carreira fora do país. No entanto, acabou por ser o Estoril a proporcionar a primeira experiência do técnico, de 45 anos, fora dos encarnados. Veríssimo sucedeu no cargo a Bruno Pinheiro, que surpreendeu os responsáveis do clube da Linha dando conta da sua intenção de sair, três dias após o arranque da pré-época.

A última e mais inesperada mudança técnica aconteceu em Guimarães, com a demissão de Pepa a poucos dias do encontro frente ao Puskás Akadémia, para a 2.ª pré-eliminatória da Conference League. O treinador tinha mais dois anos de contrato, mas incompatibilizou-se com a SAD do Vitória, discordando da política do clube neste mercado de transferências, principalmente depois da saída de Rochinha para o Sporting.

António Miguel Cardoso, presidente dos vitorianos, considerou que Pepa "ultrapassou certos limites". O técnico, que está agora nos sauditas do Al-Tai, diz-se "de consciência tranquila". Moreno Teixeira, antigo jogador e até àquele momento treinador da equipa B vimaranense, acabou por ser promovido à formação principal, motivando algumas críticas.

Longevidade de Conceição e estabilidade de Amorim

Apesar dos rumores que indicavam uma possível saída, Sérgio Conceição prepara-se para iniciar a sua sexta época como treinador do FC Porto, uma longevidade cada vez mais rara no futebol português.

Chegou a avançar-se que o treinador teria pedido a demissão na sequência de uma mensagem de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, que reagiu com desagrado às notícias sobre a saída de Francisco Conceição para reforçar o Ajax. Por outro lado, as vendas em simultâneo de Fábio Vieira (Arsenal) e Vitinha (PSG) sem que os 'sucessores' estivessem a ser tratados também não terão deixado Conceição satisfeito, mas tudo indica que direção e equipa técnica estão agora em sintonia no que toca aos objetivos traçados para a nova época.

Depois da 'dobradinha' em 2021/22, o treinador portista entra na I Liga com mais um título no palmarés, a Supertaça Cândido de Oliveira, conquistada no último sábado frente ao Tondela.

Já Rúben Amorim inicia a sua terceira época completa no Sporting (foi contratado a meio da temporada 2019/20) tendo como principal objetivo a reconquista do título nacional. A boa campanha europeia dos leões em 2021/22 chegou a despertar a atenção de alguns clubes (PSG foi um dos mais noticiados), mas a verdade é que o treinador de 37 anos nunca deu mostras de querer sair de Alvalade, pelo menos por enquanto.

Apostas seguras… até ver

Para além dos casos já mencionados, importa referir que apenas Arouca, Portimonense e Vizela vão apresentar-se em 2022/23 com o mesmo treinador com que haviam iniciado a época transata, respetivamente, Armando Evangelista, Paulo Sérgio e Álvaro Pacheco.

Restam cinco clubes que, tendo optado por mudar de treinador no decurso da última época, viram os bons resultados renovar-lhes o voto de confiança para mais um ano na I Liga:

  • Contratado em novembro, Vasco Seabra começa a temporada no comando do Marítimo, esperando solidificar ou até melhorar o 10.º lugar alcançado em 2021/22;
  • Petit regressou ao banco do Boavista sete anos depois e espera agora uma campanha bem mais tranquila, depois de estabilizar a equipa a meio da última época;
  • César Peixoto substituiu Jorge Simão em dezembro do ano passado e conseguiu levar o Paços de Ferreira a um tranquilo 11.º lugar;
  • Rui Pedro Silva chegou a Famalicão quando os minhotos lutavam pela permanência, no entanto, o brilhante trabalho do portuense acabou por conduzir o clube à primeira metade da tabela, terminando no oitavo posto;
  • Já Mário Silva resistiu à instabilidade técnica e diretiva do Santa Clara, levando os açorianos da zona de descida até ao sétimo lugar. Um resultado que se revelou decisivo para a permanência do técnico, mesmo depois de ter anunciado a sua saída.

E quem subiu de divisão?

Sem surpresas, Rio Ave, Casa Pia e Chaves começam a nova temporada sem mudanças nas respetivas equipas técnicas, tendo agora o (natural) objetivo de garantir a permanência no principal escalão.

Luís Freire, de 36 anos, liderou os vila-condenses em 2021/22 com sucesso, garantindo o objetivo da subida e ainda conquistando o título de campeão da II Liga. Agora vai assumir a equipa na divisão maior, onde já esteve no comando do Nacional, em 2020/21.

Fotos: Rio Ave e Casa Pia fazem a festa de subida à Liga
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Já Filipe Martins conduziu o Casa Pia à I Liga 83 anos depois da última presença, numa temporada atribulada na qual esteve ausente do banco por algumas semanas, por ter estado internado com COVID-19. Em 2018/19 teve a primeira experiência no campeonato português, ao serviço do Feirense, mas não conseguiu evitar a despromoção dos fogaceiros.

Após terminar no terceiro lugar da II Liga, o Chaves assegurou a subida de divisão na derradeira tentativa, ao eliminar o Moreirense no ‘play-off’. Vítor Campelos foi o treinador responsável por devolver as emoções do campeonato a Trás-os-Montes três anos depois, naquela que foi a primeira subida à I Liga do seu currículo.

Esta vai ser a terceira experiência do técnico no principal escalão, depois de ter sido interino no Vitória (um jogo em 2017/2018) e ter liderado o Moreirense (17 jogos em 2019/2020).

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