O candidato da lista B à presidência do Vitória de Guimarães, Pinto Brasil, defende que o atual modelo de gestão do clube «serve perfeitamente» e lembrou que já houve sociedades anónimas desportivas que faliram.

Ao contrário da lista A, que projeta a criação de uma SAD, a lista B diz que constituirá uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), mas apenas se o projeto lei que obriga à constituição de uma sociedade desportiva para os clubes poderem competir nas provas profissionais for aprovado.

Pinto Brasil, de 54 anos, quer «mudar os procedimentos e hábitos dos jogadores e a estrutura do futebol profissional», mas em entrevista à Agência Lusa defendeu que «não é preciso uma SAD para profissionalizar o clube».

«O Vitória já tem muitos anos e a gestão foi sempre a mesma, esta modalidade serve perfeitamente. Se o projeto de lei for aprovado vamos inscrever o Vitória como uma SDUQ, que pouco muda, aquilo será 100 por cento do clube e será apenas para cumprir um formalismo, mais nada», disse.

Lembrou que já várias SAD’s «faliram» e que «se não conseguir cumprir o regulamento da SAD, [o Vitória] vai para a terceira divisão distrital, como o Boavista, Estrela da Amadora ou Farense».

A situação financeira do clube preocupa Pinto Brasil, que se candidata pela segunda vez, depois de há dois anos ter perdido para Macedo da Silva, e à Lusa reforçou a intenção de realizar uma auditoria às contas do Vitória, prometendo que «quando sair o passivo vai ser menor» do que o atual, que rondará os 20 milhões de euros.

Pinto Brasil defendeu que para sanear financeiramente o clube terá fazer «cortes em tudo» - «o orçamento neste momento só pode ser de 8 milhões de euros e este ano foi à volta de 15» – e, eventualmente, no número de funcionários.

«Ou podem ser os mesmos se eles aceitarem uma redução de 20 ou 30 por cento nos salários», disse.

Notando que «ninguém vai para lá para fazer ‘caça às bruxas’», fez um paralelismo com a atividade empresarial: «temos uma empresa com 100 pessoas e só há trabalho para 50. Ou vão 50 embora e salvamos a empresa ou então vão 100...».

Na apresentação do programa da lista B, um seu responsável, Francisco Guise, anunciou que a direção presidida por Pinto Brasil responsabilizará criminalmente a direção liderada por Macedo da Silva caso a auditoria detete situações que o justifiquem.

Contudo, à Lusa, Pinto Brasil disse querer «resolver os assuntos a bem e só os que não puderem serão a mal. O Vitória não é clube para andar nos tribunais», disse.

Garantiu que os cerca de 3 milhões de euros que considera necessários para fazer face aos primeiros meses de gestão estão «bem encaminhados» e anunciou que se perder não se volta a recandidatar: «é agora ou nunca».

O candidato, que justificou a recusa em discutir frente a frente com Júlio Mendes por terem «ideias completamente diferentes» o que transformaria os debates numa «perda de tempo», quer criar uma fundação para as modalidades amadoras e potenciar as infraestruturas do clube, criando uma academia só para o futebol, profissional e de formação, no atual complexo desportivo.

O ato eleitoral tem lugar no Pavilhão do Vitória de Guimarães, no sábado, entre as 09:00 e as 19:00, podendo votar cerca de 17.500 sócios, revelou fonte do clube.