Jorge Nuno Pinto da Costa disse hoje que se candidata pela 16.ª e última vez à presidência do FC Porto, ao apresentar o projeto “Todos Pelo Porto”, visando uma liderança rejuvenescida à frente dos vice-campeões nacionais de futebol.
“Será certamente o meu último mandato, sem dúvida. Vou cumpri-lo até ao final e não é com uma intenção de o deixar a meio para abrir a porta a quem quer que seja. Quem vai escolher sempre o presidente do FC Porto são os sócios do clube. Não são as grandes construtoras, os grupos económicos, as televisões ou quem aspira a voltar a ter o preço desvairado dos direitos televisivos do clube, porque os associados não o irão permitir e conhecem o que é ser do FC Porto”, frisou o dirigente, de 86 anos, durante a cerimónia.
Imagens da apresentação da candidatura de Pinto da Costa
Pinto da Costa discursava na presença de mais de 2.000 pessoas no Coliseu do Porto e revelou a sua recandidatura às eleições do FC Porto para o quadriénio 2024-2028, que deverão decorrer em abril, 42 anos após se ter tornado o 33.º líder da história do clube.
“Temos de olhar para o futuro e ganhar mais do que já ganhámos até hoje. Não vamos começar amanhã a preparar o futuro. Já estamos a prepará-lo e queremos conquistá-lo, rejuvenescendo a nossa ação, equipa ou serviços e tendo mais atenção à bilhética e à modernização e rentabilização do estádio para levar a cabo tudo o que pretendemos e concluir o centro de estágio na Maia, embora muitos o tenham tentado boicotar”, atirou.
Pinto da Costa junta-se ao empresário Nuno Lobo, candidato batido em 2020, e a André Villas-Boas, ex-treinador da equipa principal de futebol, entre os candidatos às eleições, surgindo com o estatuto de dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
“Tenho total confiança no futuro. Era muito prático para mim chegar a esta altura e dizer basta ao fim de 42 anos de presidência. Ia viver dos louros de tudo o que conquistámos, mas não fui no canto da sereia daqueles que me disseram que eu era o presidente dos presidentes e que merecia ser presidente honorário - que, por acaso, até já sou -, e ter todas as honras”, afiançou, sob constantes aplausos da plateia, que o tinha recebido em clima de apoteose ao som da música “Pronúncia do Norte”, da banda portuense GNR.
Deixando algumas indiretas a André Villas-Boas, que tinha criticado o estado das contas dos ‘dragões’ recentemente, Pinto da Costa enquadrou o “período mais difícil e custoso” sentido durante as últimas quatro décadas com a passagem pelo cargo de administrador financeiro de Angelino Ferreira, candidato à presidência do Conselho Fiscal e Disciplinar pela lista do ex-treinador, vencedor de quatro troféus no comando da equipa de futebol.
“Estivemos meses sem pagar os salários dos trabalhadores. Isso é que me doía na alma. Não eram as contas, a falta de dinheiro ou os saldos, mas ver que os nossos dedicados colaboradores ao fim do mês não recebiam o que lhes era devido. Estejam sossegados. Quem ultrapassa situações como estas pode estar descansado, pois o FC Porto nunca sucumbirá. Será sempre um baluarte da cidade e um orgulho para todos nós”, sinalizou.
Pinto da Costa evitou falar no seu discurso da Operação Pretoriano, que tinha levado na quarta-feira à detenção de 12 pessoas, incluindo dois funcionários do clube e Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, uma das claques do FC Porto, optando por reforçar mais do que uma vez a sua indisponibilidade em abdicar do controlo maioritário da SAD.
“O FC Porto será sempre o dono da SAD. Não vou permitir que entre aqui quem queira fazer do FC Porto um entreposto para negócios com os árabes”, finalizou, mostrando-se visivelmente emocionado num evento repleto de cânticos de apoio e gritos de incentivo.
Os ânimos inflamaram-se já perto do fim do discurso, quando o presidente dos ‘dragões’ endereçou algumas críticas à comunicação social e um dos jornalistas presentes no local foi atingido por um isqueiro atirado da plateia, mas sem ter sofrido quaisquer ferimentos.
Ao descer do púlpito, Pinto da Costa foi surpreendido pela repentina presença de Sérgio Conceição, treinador da equipa principal de futebol, a quem deu um abraço emocionado, perante a proximidade de ex-atletas, dirigentes e figuras de diversos quadrantes sociais.
Há cerca de quatro anos, no primeiro ato eleitoral do FC Porto desde 1991 com mais do que uma candidatura, Pinto da Costa foi reeleito pela 15.ª ocasião como presidente, ao vencer o jurista José Fernando Rio e Nuno Lobo com 68,65% dos votos dos associados.
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