O presidente do FC Porto apelou hoje, no decorrer de uma conferência sobre morte súbita no desporto, que decorreu no museu do clube, a que todos os jovens façam exames para prevenir a ocorrência de problemas cardíacos.

Chamado a intervir após o encerramento de uma mesa redonda sobre o tema, na qual participou, entre outros, o médico dos ‘dragões’ Nelson Puga, Pinto da Costa, que contou com a companhia de Antero Henrique, diretor executivo do FC Porto, e Reinaldo Teles, administrador da SAD portista, deixou o repto.

"Acho que todos os jovens, sobretudo os que aqui estão, devem fazer os exames, devem ter cuidado porque prevenir é melhor do que remediar", alertou.

Recordando os problemas médicos que viveu há cerca de dois anos, o dirigente ‘azul e branco’ fez questão de agradecer a quem o "salvou".

"Costumo dizer que a 04 de setembro festejo o meu aniversário porque, há dois anos, ressuscitei nesse dia, pelas mãos do doutor Paulo Pinho e do professor [Filipe Macedo]", lembrou.

Antes disso, em tom divertido, explicou à plateia como descobriu a sua própria forma de fintar os problemas cardíacos.

"Um dia fui a um médico (...) que me perguntou: na sua família, alguém morreu de coração? Todos, respondi eu, mas, não se assuste, todos acima dos 80 anos. (...) Como dois dos meus irmãos tiveram uma morte súbita enquanto dormiam, resolvi tomar precauções: passar a deitar-me mais tarde e a levantar-me mais cedo, porque assim, quando ela passar, eu não estou na cama", brincou.

Durante o debate, Nelson Puga recordou as mortes de Pavão (em 1973), antigo jogador do FC Porto, e de Miklós Fehér (2004), que representava o Benfica, ambos falecidos no decorrer de jogos dos seus clubes, sublinhando que, se no primeiro caso, o óbito se deveu a uma miocardiopatia hipertrófica, no segundo o motivo não ficou claro.

"Daquilo que me chegou, foi uma autópsia branca [termo utilizado para designar uma autópsia inconclusiva]. Mas quando passou por aqui, não tinha nenhuma miocardiopatia, nem nenhuma patologia, porque tenho os exames guardados", garantiu.

O clínico disse ainda que, em matéria de prevenção deste tipo de situações, ainda se está "aquém da situação desejada", mas que espera que o cenário possa melhorar a curto prazo.

"A Associação Nacional de Médicos de Futebol tem desenvolvido um trabalho com a Liga de clubes, no sentido de passar a haver um procedimento comum que possa dar resposta a estas circunstâncias, e espero que no início da próxima época já se verifique", assegurou.