O cemitério Prado do Repouso recebeu hoje a derradeira despedida ao ex-presidente do FC Porto Pinto da Costa, num momento mais discreto em relação aos ‘banhos’ de multidão na Igreja das Antas e no Estádio do Dragão.

Eram largas as centenas que esperavam o cortejo fúnebre, que partiu das Antas, teve momento apoteótico no Dragão e, depois, encetou lento percurso até ao Prado do Repouso, onde descansam nomes como Eugénio de Andrade, Aurélia de Sousa, Abel Salazar, Ilse Losa, Rodrigues de Freitas ou Manuel António Pina, entre muitos outros nomes ilustres.

A viagem, acompanhada pelos Super Dragões, que foram ‘ditando’ muitas das movimentações da última homenagem ao antigo presidente dos ‘azuis e brancos’, culminou junto à Capela deste cemitério por volta das 15:45, horas depois de partir do Dragão.

Se, no estádio, foi cumprido um minuto de silêncio, deflagrada pirotecnia e entoados cânticos, os últimos “Pinto da Costa, allez”, após anos e anos a entoá-lo nos recintos desportivos em Portugal, no cemitério a chegada do cortejo animou as hostes.

Entre os Super Dragões, com uma tarja no chão a receber a chegada do caixão, a caminho da cremação, e o Coletivo, que acompanhou o carro, muitos foram os que cantaram pelo ex-presidente.

As lágrimas misturavam-se com fotografias de Pinto da Costa, abraços, bandeiras, potes de fumo (um “Azul até ao fim”, como o último livro autobiográfico que lançou, no final de 2024) e conversas cruzadas sobre a gratidão e o dever de honrar o seu nome no ‘novo’ FC Porto.

O cortejo fúnebre de Pinto da Costa, autor de “Largos Dias Têm Cem Anos”, atravessou hoje outro longo dia perante os muitos que queriam despedir-se de uma figura do clube, mas também do desporto nacional e internacional, além do ‘peso’ na defesa dos interesses do norte do país.

Pela manhã, muitos rodearam a Igreja das Antas, em que o bispo do Porto, Manuel Linda, e D. Américo Aguiar celebraram a missa de funeral, pelas 11:00, com a presença de inúmeras figuras, com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, à cabeça, e as ausências notadas do presidente do clube, André Villas-Boas (um pedido em vida de Pinto da Costa que decidiu respeitar), e de representantes dos rivais Benfica e Sporting.

O ex-presidente do FC Porto Pinto da Costa, que se estabeleceu como dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial, entre 1982 e 2024, morreu no sábado, aos 87 anos, vítima de cancro.

Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube, frente a André Villas-Boas.

Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito, sem oposição, como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.