"Estamos habituados a sofrer até ao fim, muitas das vezes até à última jornada. Neste momento, faltam atribuir 30 pontos, e, a vantagem pontual para a zona de descida, dá-nos alguma tranquilidade. Realmente, não é normal, mas não dá para adormecermos", disse à Agência Lusa Fernando Sequeira.

Com dois terços da prova cumpridos, os "castores" têm 11 e 15 pontos de vantagem relativamente ao Leixões e ao Belenenses, respectivamente, penúltimo e último da classificação.

Tudo isto acontece num ano atípico: o regresso ao trabalho fez-se mais cedo, devido à participação da equipa na Liga Europa, houve mudança de equipa técnica e de jogadores e vários casos de indisciplina.

"As mexidas são quase inevitáveis, a partir do momento em que os jogadores são assediados com verbas a que não podemos chegar. É evidente também que queremos o máximo de rigor e de disciplina, mas os problemas disciplinares acontecem em Paços e em todos os clubes", comentou o dirigente.

Fernando Sequeira falou ainda da mudança de treinador, insistindo que foi Paulo Sérgio que quis sair, tendo ainda reiterando que a opção por Ulisses Morais revelou-se "uma belíssima aposta".

"Não houve 'chicotada psicológica', como às vezes ainda se ouve dizer. O Paulo Sérgio quis sair, e tivemos de encontrar uma alternativa, alguém que fosse experiente e desse uma certa garantia de sucesso. Como tenho dito, Ulisses Morais percebeu rapidamente o que é o Paços de Ferreira, o que foi muito importante", sublinhou.

Sequeira confirmou o interesse da direcção na renovação com a equipa técnica, tendo dado conta de "algumas conversas informais" e admitido avançar com o processo em Março.

A outra prioridade da direcção é a renovação com os jogadores em final de contrato, com prioridade para o centro da defesa, casos de Ricardo, Kelly e Danielson.

O compasso de espera, explicou o dirigente, visa não perturbar os objectivos de permanência da equipa na Liga de futebol, ainda que a classificação actual permita aspirar a um lugar europeu.

O Paços de Ferreira deu entrada, em Dezembro, do processo de licenciamento para a participação nas competições europeias, mas essa não é a prioridade: "As pessoas falam nisso (Europa) à boca pequena, até como 'compensação' para a frustração do que aconteceu na Taça. Mas a permanência é a prioridade das prioridades".

Fernando Sequeira é claro: "Todos os clubes que nos rodeiam têm orçamentos incomparavelmente superiores, têm o pensamento e até a obrigação de lutarem por outras classificações. Queremos a permanência, sendo certo e lógico que tudo o resto que possa surgir será sempre bem-vindo".

Em final de mandato e sem saber se irá continuar, o presidente do clube nortenho defendeu ainda "resoluções mais rápidas" no futebol nacional, sugerindo a criação de um tribunal desportivo, para "atenuar ou quase extinguir as situações perniciosas no futebol"