Não é com t-shirts ou slogans que se vai mudar alguma coisa relativamente ao racismo em Portugal. A opinião é de Moussa Marega, jogador maliano do FC Porto que em fevereiro abandonou o relvado do D. Afonso Henriques em pleno jogo, depois de ser alvo de insultos racistas. O caso colocou Portugal nas 'bocas' do Mundo e deu muito que falar no nosso país, com debates durante vários dias.

O maliano concedeu uma entrevista ao diário 'Jornal Notícias' onde pediu mais medidas para combater este flagelo.

"A certas pessoas, o que se passou em Guimarães mudou-lhes a mentalidade, mas, à generalidade, não se sabe se mudou ou não, porque ainda não se conhece qualquer sanção. Não sei o que se passa. Já não se fala disso, mas o certo é que a partir do momento em que sucedeu, aquilo deu a volta ao Mundo. Foi muito importante, porque se falou disso em todo o lado, mas não são as bandeirolas ou as t-shirts com slogans contra o racismo que vão mudar as coisas. Até agora, nada mudou. Pelo menos eu não recebi nenhuma notícia a esse respeito. Espero para ver", disse o maliano ao 'JN'.

Ora essa não é a opinião de João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto. Em declarações à 'Rádio Observador', o governante deu como exemplo as várias campanhas de sensibilização, após o que aconteceu no D. Afonso Henriques em fevereiro.

"A reação [ao caso Marega] foi de uma enorme solidariedade com o jogador e de repúdio para estas situações [...] Permita-me discordar com o Marega. [Utilizar as t-shirts com slogans] Não resolve tudo mas ajuda muito. Temos de continuar a fazer muita sensibilização e isso acaba por trazer muitos resultados. Para ser uma boa justiça nunca pode haver resultados imediatos", disse o governante, explicando depois que não sabe em que pé se encontra o processo de averiguações instaurado pelo Ministério Público há meio ano.

Ao minuto 11 do FC Porto-Portimonense, no Dragão, ergueu-se uma faixa de apoio a Marega nas bancadas e ouviu-se uma ovação em homenagem ao avançado maliano, que foi alvo de insultos racistas oito dias antes, na deslocação dos 'azuis e brancos' a Guimarães.

O camisola 11 do FC Porto respondeu com palmas.

A 16 de fevereiro, recorde-se, Marega foi substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.

Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro.

O caso ganhou contornos internacionais e foi notícia lá fora, sendo noticiado em várias televisões mas também em jornais online.

Em Portugal, vários clubes mostraram a sua solidariedade para com Moussa Marega, entre eles o Rio Ave, o Sporting, o SC Braga.

O caso extravasou o futebol e foi comentado por vários quadrantes políticos, quase todos a reprovarem os insultos racistas contra o maliano.

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