A renegociação das dívidas com os credores, à imagem do que está a suceder na Grécia, é uma das soluções que pode evitar o encerramento das empresas em falência técnica, explica à Agência Lusa o economista Raul Gonzalez.

«É um paralelismo perfeito ao que se fala tanto na Grécia e também em Portugal: a possibilidade de uma empresa em falência técnica renegociar o passivo existente», ilustra o também presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais.

Sem falar do caso concreto do Sporting, colocado em falência técnica por uma auditoria externa, Raul Gonzalez aponta a outras soluções para as empresas ultrapassarem estas dificuldades nas contas.

«Uma empresa em falência técnica não tem bens suficientes para pagar as suas dívidas. A empresa fica num impasse e tem de repensar o que fazer. Os gestores devem equacionar, e propor, cenários alternativos ou escolhas partilhadas», frisa o economista.

Uma das soluções será convencer os acionistas a um maior envolvimento nessas empresas, que passaria por «reforçar as suas participações, aumentando o capital social».

«Se estes acionistas não o quiserem fazer, então a empresa pode tentar encontrar novos acionistas. Falhando essa segunda hipótese, existe então a possibilidade de se renegociar o passivo existente», salienta.

Raul Gonzalez acrescente que «se nada se fizer, é o encerramento dessa empresa, porque a situação vai agravar-se dia após dia».

A auditoria independente às contas do Grupo Sporting, pedida pela atual direção, liderada por Godinho Lopes, apresentou o universo empresarial dos “leões” em «falência técnica», apontando o futebol profissional como principal fator para os «resultados negativos crónicos».

Uma versão sumária do documento, publicada quarta-feira no sítio oficial dos “leões” e que analisou os últimos 13 anos de gestão em Alvalade, adianta que as contas consolidadas «apresentam capitais próprios negativos de 138 milhões de euros, situação estruturalmente desequilibrada, usualmente denominada como de falência técnica».