Pedro Macieirinha, advogado que representa o Rio Ave na Assembleia-Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que hoje se realiza no Porto, garantiu que os vila-condenses estão atento a possíveis incumprimentos de pressupostos financeiros por parte de outros clubes.

O Rio Ave, que recentemente foi despromovido à II Liga de futebol, visou o Boavista a propósito da proposta chumbada pela Assembleia-Geral (AG) da Liga, em que os ‘axadrezados' pretendiam ver adiado o prazo de pagamento do relvado natural do Estádio do Bessa.

"A proposta não foi chumbada por falta de solidariedade com o Boavista, mas sim porque estamos conscientes de que é importante que clubes e SAD cumpram as obrigações. Era algo que estava previsto há algum tempo, obriga o Boavista a pagar o relvado até ao dia 30 deste mês", disse o advogado, numa altura em que a reunião está suspensa para almoço.

O advogado espera, no entanto, que a dívida dos ‘axadrezados' seja paga, a bem da Liga e dos clubes.

"O Boavista pagar ou não pagar a dívida é uma questão que não se põe neste momento, a dívida só vencerá em 30 de junho. Já disse lá em cima que só depende do Boavista candidatar-se à inscrição na I Liga, não de mais ninguém. Acredito que façam o possível para que seja aceite. Não podemos continuar com uma sociedade desportiva que já teria de ter pago este valor em 2018 e tem vindo à Liga sem entregar um cêntimo, a pedir prorrogações de prazo constantemente. Fico contente que paguem esta dívida, porque a Liga e os clubes beneficiam, é receita para a Liga", disse ainda.

Pedro Macieirinha clarificou, contudo, que o cumprimento de pressupostos financeiros não será discutido na AG desta quarta-feira.

"O que se discute hoje são alterações aos regulamentos. Discutimos a questão do relvado do Bessa por dizer respeito ao regulamento de competições. O Rio Ave não é polícia, mas se alguma sociedade desportiva não apresentar esses pressupostos, estaremos atentos, a tentar perceber se tudo foi cumprido ou não”, salientou.

O advogado prometeu que os vila-condenses vão “estar atentos” para “ver se as pessoas cumprem os pressupostos financeiros que legitimam a estar na prova”.

“Se não tivermos a obrigação de pagar, podemos contratar jogadores acima de um milhão de euros. O Rio Ave não pode fazer isso, porque cumpre escrupulosamente os seus pressupostos", acrescentou.

O representante do Rio Ave - que desceu à II Liga após perder com o Arouca no ‘play-off’ – sublinhou ainda a contribuição do clube para o Estado nos últimos anos.

"A questão dos pressupostos financeiros será avaliada 'a posteriori'. O Rio Ave é um clube que, nos últimos cinco anos, contribuiu com cerca de 20 milhões de euros para o Estado. Fez obra, tem obra feita, tem composto o seu orçamento. […] Veremos o que pretendem, se pretendem continuar com clubes incumpridores, ou se pretendem que os clubes que cumprem se mantenham na alta esfera do futebol. ", referiu.

Macieirinha lembrou ainda que o Rio Ave “tem as contas todas pagas ao dia 30 e não deve rigorosamente nada ao Estado”.

“Se for para a II Liga, esse valor vai decrescer. Cumpre ao Estado perceber que tipo de clubes pretende ter a competir na Liga. Clubes que pagam os seus impostos ou clubes que adiam pagamentos ‘ad eternum'", concluiu.