O Rio Ave anunciou, esta quarta-feira, o corte de relações institucionais com o vizinho Varzim, na sequência do processo de transferência do futebolista Júlio Alves para o Atlético de Madrid.

Os poveiros têm vindo a reclamar uma verba de 10 por cento referente aos 2,6 milhões de euros que o emblema espanhol pagou ao Rio Ave pelo passe do jogador, baseando-se num acordo verbal feito entre as duas direções.

No entanto, os dirigentes do clube da Liga portuguesa negam que esse acordo tenha sido feito, e garantem que o Varzim, atualmente na II Divisão, irá receber apenas a "verba definida pela legislação em vigor", vincando a sua posição.

«Embora continuando a considerar os poveiros e os varzinistas, não temos qualquer interesse em continuar o relacionamento cordial que vínhamos mantendo, enquanto o atual presidente da direção do Varzim estiver em funções e não clarificar o que de errado tem feito passar para a opinião pública», pode ler-se no comunicado emitido pela direção do Rio Ave.

O emblema da foz do Ave esclareceu ainda que Júlio Alves - irmão dos futebolistas Bruno Alves e Geraldo e atualmente a jogar no Besiktas, da Turquia - só foi para o Rio Ave, depois de o Varzim, em que fez quase toda a sua formação, ter recusado aceitar o jogador, quando este foi dispensado do FC Porto.

Posto isto, o Rio Ave diz ser «incompreensível a pretensão do Varzim em querer receber 10 por cento do valor da transferência, estranhamente enviando uma proposta de acordo e argumentando basear-se numa pretensa conversa entre os dois presidentes. De imediato, o Rio Ave devolveu o inusitado acordo, obviamente sem ser assinado, por não ter qualquer lógica e mínimo fundamento».

Na interpretação dos vila-condenses, «do valor da transferência terão direito a receber compensações financeiras o Rio Ave, o empresário Jorge Mendes e o atleta, e dos direitos de solidariedade ou formação serão beneficiados o Varzim, o FC Porto e o Rio Ave».

Instado pela agência Lusa comentar a tomada de posição do emblema vila-condense, Lopes de Castro, presidente do Varzim, reiterou que «o Rio Ave está em falta com o Varzim».

«É estranho esse comunicado porque quem está em falta com o Varzim é o Rio Ave, que nunca devolveu o acordo que fizemos, a pedido do presidente António Silva Campos, para não exigirmos os nossos direitos de formação após a profissionalização do Júlio Alves, que na altura seriam 70 mil euros, em troca de 10 por cento do passe do atleta», disse Lopes de Castro.

O dirigente interpreta desta forma a atitude do Rio Ave: «Parece-me que não querem pagar e cumprir aquilo que acordaram. Podíamos já ter processado o Rio Ave, mas não fizemos porque sempre prezamos a excelente relação que tivemos até então».

Lopes de Castro afirmou que «foi o Rio Ave a propor o acordo dos 10 por cento do passe do atleta», e que «o Varzim defenderá até ao último cêntimo os seus direitos», considerando: «Nós somos a parte lesada, mas não tomaremos de forma ligeira e mal-educada a iniciativa de cortar relações com o Rio Ave».