O dirigente alvi-negro fez uma análise ao actual momento do futebol em Portugal, no momento em que o Nacional comemora o centenário, e lança críticas à mentalidade dos dirigentes, sem avançar nomes.
“Qualquer observador mais atento e que viva de perto este fenómeno não pode sentir uma satisfação muito grande, porque há muitas coisas que estão por fazer. Não acredito que Portugal, mesmo no futebol, seja capaz de grandes reformas, porque há muito interesse mesquinhos instalados à volta da actividade que dificultam o normal desenvolvimento”, comentou.
A dirigente, que não conseguiu reunir apoios para a candidatura à presidência da Liga de Clubes, considera que “este é um dos sectores que tem conseguido sobreviver mais aos momentos conturbados que vivemos”.
Rui Alves critica o Governo da República, considerando que “tem sido um grande obstáculo a muitas transformações e tentou politizar a sua intervenção no futebol, nomeadamente com a lei de bases e regime jurídico das federações, momentos que traduzem a vontade de definir por decreto aquilo que pertence ao livre associativismo e o respeito pelas agremiações de carácter privado”.
A Liga de Clubes também não foge às críticas do dirigente do Nacional da Madeira.
“Do ponto de vista do principal organismo que gere o futebol profissional, houve uma liderança que não foi capaz de fazer nenhuma transformação do ponto de vista positivo para o futebol”, sublinhou.
Contudo, aponta que “nos próximo quatro anos existem indícios que algo se fará no sentido de melhorar esta importante indústria da vida nacional”, mas não concretiza as suas esperanças.
O presidente do Nacional admite estar “mais satisfeito” com a actuação do actual presidente da Liga Portuguesa de Futebol, sublinhando que Fernando Gomes não vai fazer em quatro ou cinco meses o que outros não fizeram em quatro anos.
Defende ainda que devem ser feitos esforços para que, “dentro dos interesses instalados da Santa Casa da Misericórdia e dos casinos em Portugal, resolver com o Governo o problema das apostas e das receitas das apostas os clubes terem uma participação”, sustentando “não ser justo que vivam em constantes dificuldades quando temos aí uma receita muito grande”.
O presidente do Nacional também pretende ver resolvidas questões em torno dos direitos televisivos e um regime específico para o futebol.
Sobre a situação dos clubes de futebol portugueses, Rui Alves censura os dirigentes de alguns clubes que surgiram de “fenómenos locais” que, devido a interesses de mediatismo, económicos e políticos provocaram o desaparecimento de grandes instituições.
O dirigente alvi-negro refere que cinco ou seis clubes “conseguiram perceber o que estava em jogo e trabalharam em várias áreas para a modernização e organização dos clubes para esta actividade”, promovendo a criação de várias estruturas, entre as quais as SAD.
Para Rui Alves, “não é possível neste momento enfrentar esta actividade sem uma estrutura altamente profissional nas diferentes áreas”.
“Aqueles que continuam de forma amadora e são dirigentes por fenómenos locais, de interesse políticos ou económicos de vária ordem chegam à liderança dos clubes, duram dois ou três anos e não deixam grande herança a esses clubes. Temos assistido em Portugal à queda de grandes instituições por via dessa não percepção do que está em jogo”, rematou
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