O treinador do Benfica, Rui Vitória, assumiu que conta com o capitão para atacar a próxima época, e desvalorizou mesmo a idade do central brasileiro, contrapondo essa questão com o argumento da experiência do número 4 da Luz.

Em entrevista à SIC, o técnico dos 'encarnados' abordou as questões em torno da construção de um plantel que permita atingir os objetivos e foi questionado sobre a possível titularidade de Luisão na próxima época atendendo à idade do jogador brasileiro.

"Vou atacá-la [à próxima temporada] com os jogadores que estiverem comigo, e o Luisão vai lá estar. Aquilo que de melhor posso fazer pelo Luisão não é respeitá-lo por ser o mais velho, é respeitá-lo como outro qualquer. Até para o fazer mais novo. Essa história do ser rápido, o que é isso? Se calhar o Luisão pensa mais rápido do que os outros. Nem tudo é preto e nem tudo é branco. No jogo contra o Vitória em casa, a nossa preocupação foi equipa subida, mas bloqueando a primeira saída de bola do Vitória, fazendo muita pressão. Isto foi arriscado. O Luisão, em termos de leitura do processo defensivo, sabe fazer isso como poucos em Portugal", disse Rui Vitória.

Questionado sobre a falta de utilização de Jardel esta época, em comparação com a temporada passada, o técnico afirmou que as lesões do central brasileiro condicionaram a afirmação do jogador na equipa.

"As lesões perturbaram muito o Jardel. No ano passado foi o inverso. A coerência que tive noutras alturas foi a que tive agora".

Sobre as escolhas que fez ao longo da temporada, Rui Vitória recordou que todos os jogadores têm características específicas que se adaptam às circunstâncias da época.

"Não posso pedir ao Mitroglou as mesmas coisas que peço ao Raúl [Jiménez]. Temos dois extremos que jogavam cinco metros ou seis atrás, que tão depressa vão para fora como para dentro. Estas dinâmicas, esta variabilidade tem de ser trabalhada. Não posso depois pedir ao Eliseu o que pediria ao Grimaldo. Ou pedir ao Grimaldo a capacidade física do Eliseu. Pizzi insubstituível? Não houve uma necessidade de tirar o Pizzi. Houve muitos jogos em que esteve na iminência de poder levar cartão. Uma coisa é ter Fejsa e Jonas e substituir Pizzi. Outra coisa é não os ter. Vejo sempre uma equipa como micro estruturas. Se virem o entendimento entre Cervi e Grimaldo, os dois a falar espanhol... São micro estruturas. O Salvio combina muito bem com o Nélson. Não podemos fechar os olhos", afirmou Rui Vitória.

Em relação ao meio-campo do Benfica esta época, o técnico explicou as vantagens de poder contar com um jogador como Pizzi, mas acima de tudo com o internacional sérvio Fejsa.

"Temos um Pizzi que, em termos nacionais, tem a capacidade de jogar a 8 mas com uma projeção enorme. Marcou 10 golos e não é fácil muitas vezes ter esta capacidade. Jogar com Pizzi, jogar com Jonas sem ter a frescura que queríamos, sem eventualmente o Fejsa, aí foi um risco. O Fejsa tem uma capacidade do ponto de vista defensivo como eu vejo poucos por essa Europa fora. O Pizzi tem de agradecer ter um jogador como Fejsa atrás, o próprio Renato tem de agradecer a cobertura que teve. O Pizzi tem a capacidade de organizar o jogo mais à frente.

Vários treinadores que jogavam contra nós, eu achava graça, 'ah, Benfica muito forte no jogo inteiror'; depois havia outros: 'muito forte no jogo nos corredores', 'muito forte nas bolas paradas'... E depois, de repente, o Benfica era forte em tudo", atirou Rui Vitória.

"A formação de plantel funciona dessa maneira: há os reis e os valetes. Há jogadores que são o suporte da equipa. Depois há os ases que são os jogadores que ganham o jogo. Todas as equipas campeãs têm de ter esses jogadores, que quando os jogos estão equilibrados, é ali. Depois temos os duques e os ternos que aparecem, são jovens. É provável que haja jogadores que estavam na equipa B e que vão integrar o nosso trabalho. Se faltam cartas no baralho? Faltam sempre. Quando vamos contrarar o Zivkovic e o Kalaica, é evidente que não são produtos acabados. Mas estamos em crer que vão ser jogadores de grande qualidade", frisou Rui Vitória.